SARAU VIRTUAL DA ACLJ
(15.03.2021)
A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) promovia, nas noites de terça-feira, na casa de bebidas finas Embaixada da Cachaça, um poetry slam, consistente em um pequeno sarau de poesias, prosa poética e performances musicais acústicas ao vivo, segundo uma prática que começou nos EUA e se difundiu pelo Planeta.
Mas essa rotina cultural saudável foi interrompida pela pandemia de Covid-19, e então o grupo de habitués passou a se reunir virtualmente nas noites de segunda-feira, em que acadêmicos, artistas, intelectuais e poetas em geral, frequentadores daquele reduto boêmio e cultural, matam a saudade e mitigam a carência de convívio, mantendo em atividade a ACLJ, apesar do isolamento social obrigatório.
PARTICIPANTES
Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, 12 acadêmicos. Compareceram ao grupo o Poeta Paulo Ximenes, o Marchand Sávio Queiroz Costa, o Professor Doutor Rui Martinho Rodrigues, o Bibliófilo José Augusto Bezerra, o Médico e Filósofo Pedro Araújo, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos.
Compareceram também o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel, o Professor e Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Agente Comercial Dennis Vasconcelos, o Professor e Físico Wagner Coelho e o Engenheiro, Comerciante e Blogueiro Altino Farias.
Justificaram ausência: por compromissos profissionais a Atriz, Psicoterapeuta, Escritora e Poetisa Karla Karenina, que se encontra em São Paulo; o Especialista em Segurança Pública e Direito Penal Edmar Santos, cumprindo missão familiar com dois irmãos acometidos de Covid; o Reitor Cândido Albuquerque, em reunião de trabalho com autoridades sobre a produção de oxigênio para os hospitais cearenses; Humberto Ellery, que não obteve sinal de Internet.
TEMA DE ABERTURA
O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos dando boas-vindas ao neófito Pedro Araújo, que estreou na reunião, e, em seguida, com a participação deste, que é médico, abordou-se o dilema entre as necessárias cautelas sanitárias da pandemia e o impacto desses protocolos no comércio de bens e serviços recreativos, tidos como não essenciais, como os bares e restaurantes, caso específico da Embaixada da Cachaça, de propriedade do Altino Farias, que referiu às dificuldades que tem enfrentado no período.
Sobre as opiniões polarizadas a respeito do tratamento precoce e preventivo, Dr. Pedro explicou que já há evidencias empíricas, na observação pratica como in vitro, das virtudes profiláticos da Ivermectina – que não ataca diretamente os vírus no organismo, mas impede a sua entrada nas células do corpo, e sem poder nelas penetrar para se replicar os vírus se desnaturalizam e fenecem.
Enquanto se abordava o drama da pandemia recebeu-se a notícia da indicação do médico Marcelo Queiroga para assumir a titularidade oficial do Ministério da Saúde, sem destituição do General Eduardo Pasuello, que continuará na missão, tocando a sua política de combate à letal e pandêmica virose.
A manobra se presta a resguardar o Ministério da Saúde da perseguição judicial que os partidos de esquerda e setores da imprensa movem contra o General, culpando-o pessoalmente pelo súbito "apagão" de oxigênio hospitalar ocorrido no Amazonas.
ASSUNTOS ABORDADOS
Entrando nos temas literários, o Presidente tratou da poesia cearense, discorrendo sobre a existência histórica do exótico e misterioso poeta Raimundo Varão, de finíssima inspiração e rara produção registrada, piauiense que se radicou em Fortaleza entre os anos 10 e 15 do Século XX, conforme registrado por Otacílio de Azevedo, pai do Nirez e do Sânsio.
Nessa linha, o confrade José Augusto Bezerra, grande bibliófilo, agradeceu o exemplar do recém-lançado livro de poemas "Doce Mar Selvagem", que recebeu do autor, Paulo Ximenes.
Citado, Paulo Ximenes declamou um poema que acabara de escrever – "Argumento e Proposta" – cuja inspiração lhe veio na madrugada, obrigando-o a se levantar para escrevê-lo – e que abaixo vai transcrito.
ARGUMENTO E PROPOSTA
Minhas palavras se vergam
como o vento deita o capim
e o orvalho molha a rosa.
Velhos queixumes se quedam
quando o amor brota em mim
e o meu verso vira prosa.
Que sua mão assim cerrada
me guarde todo esse ouro
Pra você me dar depois...
Que essa porta fechada
se arrebente num estouro
e se abra pra nós dois!
Na sequência, Reginaldo Vasconcelos leu o soneto "Fortaleza", de Raimundo Varão, que se transferira para o Rio de Janeiro e lá morreria, e portanto não pode fazer cumprir o desejo que ele manifesta na última estrofe, conforme se observa abaixo.
Depois, Reginaldo disse o poema "A Fortaleza", com o mesmo tema, este último escrito pelo poeta e jornalista Paula Ney, cearense radicado no Rio de Janeiro, falecido em 1897, aos 39 anos.
Francisco de Paula Ney morreu no ano de fundação da Academia Brasileira de Letras, enquanto a congênere cearense já existia havia quatro anos. Rui Martinho Rodrigues opinou que Varão tentou rivalizar com o outro poeta, porém sem sucesso. Avalia ele que a peça de Ney é superior.
Depois todo o grupo debateu sobre o valor do livro impresso, que, segundo José Augusto Bezerra, jamais cairá em desuso em face dos livros eletrônicos. Considerou-se a insegurança dos arquivos magnéticos e cibernéticos, que tendem a se delir no tempo, ou falecer de aparato que os revele no futuro, pela sequente obsolescência dos meios, que se tornam incompatíveis com os formatos superados.
Mesmo preservados na "nuvem", Rui Martinho anotou que países em guerra podem-se deletar mutuamente seus mananciais digitais. Cada um referiu a eventos em que livros e teses científicas foram perdidos por apagamento, extravio ou travamento das "mídias" em que estavam contidos.
Finalmente se estabeleceu um instrutivo debate entre os polímatas José Augusto Bezerra e Rui Martinho Rodrigues sobre quem seria o "precursor", e quem seria o "pai" da ciência filosófica. Rui defendia que o precursor da filosofia seria o adventista da matéria, mas que o pai seria o seu percursor – aquele que a desenvolveu e fez pertinentes conjecturas sobre
ela, e portanto lhe deu maior repercussão. A conclusão foi de que o primeiro e
maior filósofo teria sido o grego Aristóteles.
DEDICATÓRIA
A sessão virtual da ACLJ realizada nesta segunda-feira, dia 15 de março, foi dedicada a duas personalidades, as mais ventiladas nessa reunião virtual:
O filósofo Aristóteles, que viveu durante o período clássico na Grécia antiga, fundador da escola
peripatética e do Liceu. Além de ter sido aluno de Platão e professor de
Alexandre, o Grande;
O excêntrico e esquecido poeta Raimundo Varão, que tinha seis dedos em cada mão e cujo animal de estimação era um sapo.
Certa feita, em noite de lua clara, foi à Ponte Metálica da Praia de Iracema, acompanhado de Otacílio Azevedo e Matos Girão, recitou um belo poema seu – "A Morte da Águia" – e jogou os versos inéditos ao mar. Otacílio teve que conter Matos Girão, que queria saltar para resgatar a poesia.
Apaixonado por uma certa Mademoiselle Ibis, que não correspondia à sua paixão, lhe escrevia sentidos sonetos, como o que abaixo transcrevemos.
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