PANDEMÔNIO
Karla Karenina*
Não bastasse a ameaça silenciosa e mortal, faminta de corpos humanos a se alastrar desembestada sobre a terra, percebo, impotente, por todos os lados, crianças feridas em corpos adultos, extravasando sua dor em tirania.
Pessoas afetadas – mais que pelo vírus, que mata os corpos, mas também pelas dores da alma. Dores que se escondem em máscaras de personagens angelicais ou cheios de carisma, mas vociferam sua ira de animal ferido ao menor desagrado de outrem.
Por dentro dos “adultos” adoecidos da alma, vítimas constantes de tudo e de todos, está a criança ferida que não aprendeu a sobreviver sem atenção a qualquer custo. Viraram feras ameaçadoras, de si e dos outros!
Não admitem a dor, de fato, mesmo quando se dizem as mais injustiçadas das criaturas! Tudo “fake”. Mesmo quando desdizem a si mesmas para amenizar o julgamento negativo externo… ainda assim é “fake”. Triste percebê-las tão cheias de si, tão seguras em sua intransigência e agressividade!
Cada dia as vejo mais afoitas e desesperadas em sua ânsia ilusória de eliminar a própria sombra refletida nos outros! Não se veem em si mesmas, se projetam no que veem pela frente e personificam seus demônios internos nos que se opõem às suas vontades!
E assim, de vítimas a algozes, vão perpetuando suas dores, espalhando seu terror a toda a gente e contaminando meio mundo!
Que todos os santos nos iluminem a enxergarmos a nós mesmos! Que cada um possa trazer à luz a cura do si mesmo, para pararmos esse contágio do adoecimento da alma!
Nenhum comentário:
Postar um comentário