ALTEMAR DUTRA
Jeovah Maciel*
Acompanhei as justas homenagens prestadas ao grande cearense Evaldo Gouveia, e lembrei-me de um acontecimento por nós presenciados, com o maior de todos os intérpretes da suas belas composições, Altemar Dutra.
Vínhamos retornando de Natal (RN), anos atrás, e paramos para almoçar na
Churrascaria “O Laçador”, nas proximidades de Mossoró – churrasco gostoso
aquele de lá! Ensarilhamos as armas, como diz o bom irmão Antonino Carvalho, e
nos preparamos para a renhida luta!
Ao aguardarmos que o serviço fosse iniciado, estacionou uma Caravan
da Chevrolet. Desceram três pessoas, e foi fácil distinguir o moço que trazia
consigo um violão encapado; era, simplesmente, o famoso Altemar Dutra.
Sentaram a uma mesa um pouco distante da nossa e o Altemar puxou o
violão da capa e começou a dedilhá-lo. Todos paramos curiosos, eu, minha mulher
Inês, meu cunhado Sérgio e sua mulher Lise.
Repentinamente surge o maître
da churrascaria e diz que não era permitido tocar ali. O celebre violonista
guardou o violão no saco, e nos vimos no dever de chamar o maître e dizer-lhe:
– Você sabe quem é esse cidadão que você impediu de tocar? Meu amigo... esse é o Altemar Dutra, um dos maiores cachês do Brasil!
O “coitado” do maître
olhou estupefato para eles. Aí, nos ouvindo falar, o Altemar veio até nossa
mesa e nos disse:
– Diante do acontecido, se formos com os senhores esse maître vai morrer, pois perdeu o
privilégio de ter vocês aqui, e terá o prejuízo da despesa que faremos.
Ele, Altemar, tirou então um cartão do bolso e me entregou, dizendo:
– Nós estaremos em Fortaleza, hospedados no Hotel Beira Mar (na
época o mais moderno que havia). Procure-nos lá.
– Pedimos desculpas pelo ocorrido, nos despedimos, e não mais vimos
o maravilhoso Altemar Dutra pessoalmente. Aborrece-me não ter tido o cuidado de guardar aquele cartão.
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