ANIMAL FARM
Humberto Ellery*
O escritor George Orwell criou uma fábula para criticar o Poder, que se converteu em peça de cinema de animação, em
que são muito claras as referências ao sistema soviético que se
estabeleceu na Rússia no tempo do Stalin. No Brasil foi intitulada “A
Revolução dos Bichos”, pois Orwell ambientou a fábula numa granja, quando
os bichos, comandados pelo porco Major, se insurgiram contra os homens que
os exploravam.
Vitoriosos, os bichos assumiram o poder e passaram a gerenciar a
granja, já sob as ordens do porco Napoleão (Stalin), depois da morte do porco
Major. Com o banimento do porco Snowball (Trotski), a Revolução degenerou
numa tirania ainda pior que a dos humanos, com expurgos, a instituição de um
“estado policialesco”, a deturpação da História. Com o passar dos dias, os
animais começaram a caminhar sobre duas patas e a ficar cada vez mais parecidos
com os diabólicos humanos.
Sem querer traçar um paralelo com a fábula, apenas um pequeno
detalhe me ocorreu em relação ao momento atual da nossa política. Refiro-me aos
Generais que ascenderam ao Poder junto com o Bolsonaro. Quando eu votei nele
(argh!) no 2º turno, achei que os Generais poderiam exercer uma influência positiva
no (des)Governo do “Mito”, pois sempre os vi como homens equilibrados, verazes
e independentes.
Minha decepção com os “três porquinhos”, Braga Neto, Ramos e Heleno
se deu quando resolveram mentir descaradamente durante o Inquérito sobre a
pretendida interferência do Bolsonaro na PF.
Esquecendo o “script”, pois certamente combinaram antes, deram
versões conflitantes sobre o episódio, a ponto do “Mito” ter corrigido o
porquinho Ramos dizendo que ele se enganou. O General disse ao Delegado
não lembrar de vários fatos importantes, mas “lembrou” que quando o Bolsonaro
falou em Segurança lançou um olhar ao “porquinho” Heleno. É muito
descaramento!
COMENTÁRIO
Não vá pensar o leitor desavisado que o culto Humberto Ellery, um
dos mais ilustrados integrantes da ACLJ, não esteja ele entendendo o que
se passa no País, em relação à perseguição que se faz contra o Presidente
Bolsonaro, notadamente sobre o episódio em que o ingrato ex-ministro Sérgio
Moro faz uma denúncia vazia, por motivo de vindita, contra o seu recente
benfeitor, que o guindou a Ministro de Estado e o nomearia Ministro do Supremo Tribunal.
Não. Ellery entende perfeitamente o que se passa, mercê de seu
grande descortino e de sua inteligência excepcional. Ele apenas se recusa a admitir
a realidade, acometido por aquilo que Martinho Rodrigues chama “a cegueira dos
paradigmas”. O ódio pessoal que Ellery desenvolveu em relação a Bolsonaro, que já se
percebe na passionalidade da sua retórica, lhe impede de enxergar o óbvio.
Jair Bolsonaro, que é Presidente da República, eleito e empossado segundo
os mais rígidos preceitos democráticos, sendo, portanto, o Comandante em Chefe
das Forças Armadas Nacionais, e que, por conseguinte, segundo os cânones do
Direito Romano, é também o Primeiro Magistrado da República, quis mudar peças
no tabuleiro de xadrez de sua Polícia Federal, na intenção de otimizá-la. Só isso.
E fê-lo por lhe parecer oportuno, conveniente e necessário, nos
parâmetros administrativos da discricionariedade, e a sua elevada posição de
dignitário máximo da Nação lhe confere fé-pública para decidir e realizar. Ele não
estava obrigado a explicar as causas, nem tinha que dar satisfação a nenhum Ministro
de Estado, muito menos aos integrantes dos outros Poderes da República.
Sérgio Moro, este sim, fez ilações graves em âmbito nacional, atribuindo motivos ilícitos à presumida intenção do Presidente, citou fatos e
pessoas de um pretenso quadro probatório, e o Procurador da República ficou na obrigação de
abrir um competente inquérito junto ao Supremo Tribunal. O STF, por seu turno, assim provocado, se viu no dever institucional de mandar ouvir testemunhas e examinar o escopo
fático.
Mas não há um fato típico determinado, uma razão específica para a
pretensa conduta ilícita do Presidente da República. Não há indicação do inquérito federal em que ele pretendesse interferir. Então, o que houve, da parte de
Moro, foi um ato que se subsume às três modalidades de crimes contra honra – a
injúria, a difamação e a calúnia. Só que
esta última, a calúnia, impõe que se conceda ao acusador a “exceção da verdade”, que é o
direito de tentar provar o alegado.
Portanto, na verdade, as ouvidas de pessoas e a análise do tal vídeo da reunião do Governo não buscam
um crime do Presidente, que se presume inocente até trânsito em julgado, mas,
na verdade, tecnicamente, representam a oportunidade, que a lei concede ao acusador, de tentar provar os fatos da sua invectiva – antes de que seja ele denunciado e
condenado por crimes de calúnia e de denunciação caluniosa.
Portanto, quem está com o rabo na ratoeira se chama Sérgio Fernando
Moro. Jair Bolsonaro é a vítima, é o caluniado, que espera tranquilamente seja evidenciado não ter cometido ilícito algum, para então assumir o polo ativo e fazer punir o autor do fato.
Ficar discutindo o que foi dito no vídeo, e dele o teor exato (que é evidente), a partir de detalhes desimportantes que aqui e acolá são deslembrados por quem participou da reunião e foi ouvido, tomando isso por "contradições", é querer concorrer com o fabulismo de George Orwell.
Ficar discutindo o que foi dito no vídeo, e dele o teor exato (que é evidente), a partir de detalhes desimportantes que aqui e acolá são deslembrados por quem participou da reunião e foi ouvido, tomando isso por "contradições", é querer concorrer com o fabulismo de George Orwell.
Reginaldo Vasconcelos
Seu texto me trouxe à memória os cachorros que formavam a estrutura de coerção do porco tirano e mentiroso.
ResponderExcluirParabéns doutor!