UMA COISA É UMA COISA
E OUTRA COISA
E OUTRA COISA
É OUTRA COISA
Reginaldo Vasconcelos*
Calado, Eduardo Bolsonaro é um poeta – como teria dito o jogador Romário
sobre o insigne Rei Pelé. Sim, a usina de bobagens que os “três zeros” do
Presidente alimentam é de conhecimento geral e de repúdio nacional, e neste
episódio da referência ao AI-5 a autoridade de pai foi exercida a vez primeira,
fazendo o meninão voltar atrás, se desdizer, se desculpar.
De fato, o AI-5 não foi um episódio autônomo na História do País,
mas o momento mais agudo do período de exceção, nos governos militares. Referir-se,
pois, a esse ato institucional como um evento que se pudesse repetir durante um
governo democrático é de supina estupidez.
Por essa e por outras, mesmo e principalmente os apoiadores do
Governo Bolsonaro vivemos todos em sobressalto em relação às manifestações
inoportunas e importunas dos três príncipes da República, falastrões e
boquirrotos – meninos do Rio, com muitos anos de praia e de carioquíssima
malandragem. Ponto.
Entretanto, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.
Tão despropositada quanto a referência ao AI-5 por Eduardo Bolsonaro foi a
celeuma da imprensa, das esquerdas e das tantas autoridades rastaqueras que
repercutiram a respeito, com indignação e virulência.
Embora de forma canhestra, o que o Deputado quis dizer, sob o pálio legítimo da imunidade parlamentar, ao fim e ao
cabo é uma verdade retumbante – e a essência da mensagem qualquer pessoa de
boa-fé e mediana inteligência entenderia claramente.
Na verdade, Eduardo Bolsonaro, em sua fala pouco hábil, não fez o
elogio da ditadura, nem apologia de medidas de força contra o povo, em
detrimento da democracia – tampouco praticou incitação ao ilícito, mas inteiramente o oposto – ao
contrário do que se tem tentado lhe atribuir e repreender.
O que Eduardo fez, ou pretendeu fazer, foi um alerta mais do que
pertinente, como temos feito de modo reiterado – em que pese não ter a nossa
palavra o peso político dos pronunciamentos públicos de um Deputado Federal,
dono de um eleitorado imenso, e filho do Presidente da República.
O que tentou dizer o “Zero Três” – e que temos dito, sem fazer augúrios nem torcer que isso aconteça – é que os
militares constitucionalmente incrustados no Governo Bolsonaro, acrisolados pelo patriotismo, terão que reagir
com energia – e certamente o farão – recorrendo a salvaguardas entrevistas na
própria Carta da República – caso as esquerdas brasileiras resolvam tomar as mesmas
sendas antigas do oposicionismo violento, atualmente adotado em outros países da América Latina. Simples assim.
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