quarta-feira, 6 de novembro de 2019

ARTIGO - Lição Sobre Deus (ES)


LIÇÃO SOBRE DEUS
Edmar Santos*


Não encontrou o autor pessoalmente. Seu contato se deu por um livro cujo tema lhe chamou a atenção: “O DEUS QUE ME TOCA A PELE”. Que inusitado!

Enquanto lia, traçava diálogos com o escritor e consigo mesmo. Essa é a mágica da literatura: conversamos com o outro que não está ausente, mas sim, por trás do tapume erguido com palavras. Seu espectro aparece em meio às frases e parágrafos.

Seguiu com o texto lhe ensinado sobre como Deus se faz presente em nossas vidas. Esse foi incisivo em inferir: “Um Deus que manipula a História esvazia a liberdade, a responsabilidade e a beleza das ações humanas”. Ao ler esse trecho, entendeu que havia uma diferença entre o que até ali tinha aprendido sobre a divindade ensinada em algumas religiões: um divino punidor da ação humana. Libertou-se.

Mostrava que “A vida é para ser dado conta por nós mesmos e não por uma determinação divina”; era o que o parágrafo asseverava em bom tom como que em defesa de Deus. Apresentando um olhar realista de que “é porque o futuro não está pronto que um homem não tem que ficar refém duma História que não deu certo; “É porque a História está aberta que a tragédia não tem que ser o fim”, causou uma reflexão por uma lição tão óbvia e ao mesmo tempo tão escondida da vivência cotidiana.

Lecionando que pela obviedade do Deus que não se interfere na liberdade humana porque ama e é expressão da Verdade; apoiou seu argumento em uma frase de Clarice Lispector que afirma: “O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar”; complementou que Deus está discretamente presente e emerge das ações humanas. Aduziu que “prestar a atenção ao óbvio pode ser o milagre que precisamos. Olhar melhor!”

Deixou claro em suas linhas que “a resiliência desdenha de toda a espécie de determinismo, karma, destino. Que a prática de uma fé mais operante do que falante é o que nos faz melhor enfrentar um mundo que está organizado de maneira que é impossível a ausência do sofrimento”. Um fato.

Esclareceu em uma escrita objetiva que “qualquer um que tenha fé no ser humano, que aja com solidariedade, com lealdade e compaixão, tem fé em Deus mesmo que não saiba ou que assim não o defina”.

Traz no texto uma exortação ao exame da consciência, onde afirma que “aquele que não foge de sua própria consciência também fala com Deus”. E é certo que consciência todo mundo tem; poucos a consultam.

Gratificado pelas lições trazidas no livro, ele orou a Deus pelo autor. Introjetou o ensinamento em sua mente e, decidido, praticaria em sua vida uma fé diferente do que costumava fazer. Entendeu como Deus tocara sua pele!


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