LIÇÃO SOBRE DEUS
Edmar Santos*
Não encontrou o
autor pessoalmente. Seu contato se deu por um livro cujo tema lhe chamou a
atenção: “O DEUS QUE ME TOCA A PELE”. Que inusitado!
Enquanto lia,
traçava diálogos com o escritor e consigo mesmo. Essa é a mágica da literatura:
conversamos com o outro que não está ausente, mas sim, por trás do tapume
erguido com palavras. Seu espectro aparece em meio às frases e parágrafos.
Seguiu com o texto
lhe ensinado sobre como Deus se faz presente em nossas vidas. Esse foi incisivo
em inferir: “Um Deus que manipula a História esvazia a liberdade, a
responsabilidade e a beleza das ações humanas”. Ao ler esse trecho, entendeu
que havia uma diferença entre o que até ali tinha aprendido sobre a divindade
ensinada em algumas religiões: um divino punidor da ação humana. Libertou-se.
Mostrava que “A vida
é para ser dado conta por nós mesmos e não por uma determinação divina”; era o que
o parágrafo asseverava em bom tom como que em defesa de Deus. Apresentando um
olhar realista de que “é porque o futuro não está pronto que um homem não tem
que ficar refém duma História que não deu certo; “É porque a História está
aberta que a tragédia não tem que ser o fim”, causou uma reflexão por uma lição
tão óbvia e ao mesmo tempo tão escondida da vivência cotidiana.
Lecionando que pela
obviedade do Deus que não se interfere na liberdade humana porque ama e é
expressão da Verdade; apoiou seu argumento em uma frase de Clarice Lispector
que afirma: “O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar”; complementou que
Deus está discretamente presente e emerge das ações humanas. Aduziu que
“prestar a atenção ao óbvio pode ser o milagre que precisamos. Olhar melhor!”
Deixou claro em suas
linhas que “a resiliência desdenha de toda a espécie de determinismo, karma,
destino. Que a prática de uma fé mais operante do que falante é o que nos
faz melhor enfrentar um mundo que está organizado de maneira que é impossível a
ausência do sofrimento”. Um fato.
Esclareceu em uma escrita
objetiva que “qualquer um que tenha fé no ser humano, que aja com
solidariedade, com lealdade e compaixão, tem fé em Deus mesmo que não saiba ou
que assim não o defina”.
Traz no texto uma
exortação ao exame da consciência, onde afirma que “aquele que não foge de sua
própria consciência também fala com Deus”. E é certo que consciência todo mundo
tem; poucos a consultam.
Gratificado pelas
lições trazidas no livro, ele orou a Deus pelo autor. Introjetou o ensinamento
em sua mente e, decidido, praticaria em sua vida uma fé diferente do que
costumava fazer. Entendeu como Deus tocara sua pele!
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