quinta-feira, 2 de julho de 2015

CRÔNICA (AF)

TENSO!
Altino Farias*

Tarde de domingo, pleno carnaval, resolveu voltar para Fortaleza, distante cento e quarenta quilômetros de sua casa de praia. Estava tudo bem, com filhos e parentes curtindo a temporada de Momo à beira mar, mas como sua mulher não pode estar presente, ficou tudo meio sem graça. Por isso decidira voltar. 

Bebera um pouco durante o dia, e tinha o receio de que uma blitz o penalizasse após o temido bafômetro acusar os mais tênues traços de álcool em seu sangue. E as informações eram de que pelos menos duas barreiras da Polícia Rodoviária se interpunham entre ele e seu destino.

Assim, viajou tenso, à baixa velocidade e atenção redobrada, embora tivesse feito contato com um amigo oficial da polícia que o tranquilizara: “Se lhe pararem numa blitz, não faça nada antes de ligar para mim!”.

Completamente sóbrio, talvez tecnicamente embriagado, escapou da primeira blitz... E da segunda também, quilômetros adiante. Mas ninguém gosta de dirigir naquele horário de seis da tarde. E é péssimo mesmo. Por isso nosso amigo continuava tenso, muito tenso. E ainda preocupado com a possibilidade de ser surpreendido por mais uma blitz.

Já próximo do destino, contornou uma grande rotatória devagar, tomou a saída correta e, de repente, uma vaca à sua frente, bem na margem da estrada, dando a impressão de que atravessaria a pista incontinenti. Fechou os olhos e freou forte. “Vou bater!”, pensou num relâmpago.
  
Veículo imóvel no meio da estrada, o suor frio escorrendo por suas têmporas, foi abrindo os olhos devagar. Observou em volta buscando o atrevido animal quando, enfim, se deu conta de que se tratava apenas da reprodução de uma vaca em tamanho natural posta defronte de uma modesta churrascaria como chamariz. Sóbrio, é? Eu sei...


*Altino Farias
Engenheiro Civil - Empresário  - Cronista - Blogueiro
Titular da Cadeira de nº 16 da ACLJ

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