terça-feira, 25 de novembro de 2014

RECENSÃO



PRESSÃO ARTERIAL EM MULHERES
Vianney Mesquita*

Sucede muitas vezes ser o coração de mulher santuário em que se cultua um ídolo de barro. (Severo Catalina del Amo. *Cuenca, 1832; + Madrid, 1871).


Alimento o costume de guardar manuscritos inéditos, mesmo que, quando idealizados, não tenham sido aprovados pela autojoeira exigente de então. Meses, anos, muitos exercícios temporais após, entretanto, deles procedo a releituras, reciclando-os e os atualizando, ao ponto de pensar em levá-los a lume, pois, agora, transitados e aceitos por um colegiado editorial particular, quiçá mais condescendente, diverso daquele crivo que os reprovou.

Ocorreu com as letras sequentes, produzidas em 2002, há mais de dois lustros, portanto, as quais pincei do meu etagère de guardados tipográficos e manuscritos, com o fito de socializá-las, levando-as a público por via dos mass media mais empregados na atualidade, como o livro de papel, por exemplo  que jamais desaparecerá, malgrado os fulgores cada vez mais luzidios da Informática e da rede mundial de computadores.

Reporto-me a notas compostas quando revisava, no ano há pouco mencionado, a rogo das autoras, a tese de doutoramento da Professora Doutora Zélia Maria de Sousa Araújo Santos, orientada pela minha estimada mestra, Professora Doutora Raimunda Magalhães da Silva, assinante natural da coautoria dessa investigação.

Cuido, pois, de Hipertensão arterial – Abordagem para Promoção do Cuidado Humano – peça transformada em livro, publicado pela Imprensa da Universidade de Fortaleza, em coedição com a Editora Brasil Tropical (2003), mercê dos elevados propósitos e da qualidade intrínseca do volume, transitado, preliminarmente, por eruditos vultos dessa Academia, que lhe consignaram a necessária caução a fim de a obra resultar editada – sem falar na aprovação, com a nota Suma, por parte da Banca Examinadora.

Expressava, então, a ideia de a ação professoral, nomeadamente na seara acadêmica, solicitar dos docentes, maiormente nas matérias de conteúdo pragmático, a feitura incessante de ensaios e investigações mais arraigadas sob o espectro científico, a fim de acompanhar o desenvolvimento do estado da arte dos ramos do saber por eles ocupados.

O investigador de boa crase, efetivamente, é o que intenta  revelar clareza do conhecimento sistematizado, experimentado no dia a dia rotineiro, no lugar de se isolar na repetição, simplesmente reprodutiva, dos conhecimentos da colheita de outros, até sendo discordantes, recorrentemente, no que concerne  aos casos mais aproximados da realidade onde milita o professor e operário da Ciência, pelo fato de haverem sido elaborados noutra contextura, não prontificados, ainda, ao emprego imediato.

Na ambiência da pós-láurea, dos elevados estudos de todo saber ordenado, esta indispensabilidade é mais solicitada, porquanto aos investigadores aí empossados é cometida a obrigação de se desonerarem dos pressupostos e exigências da Universidade, configurados no manutenimento e evolução universal de ciência, arte, tecnologia e demais ações humanas na seara antropológica, em matéria quanto em espírito.

Em certos esgalhos disciplinares – cujo encadeamento de conhecimentos revela-se mais intensivo, pelo fato de consubstanciarem hipóteses e ilações de certezas relativas oriundas de outros tratos da doutrina – o estímulo à oferta de respostas a indefinições e problemas de acontecimentos surgentes no cotidiano é bastante expedito, fato que deixa o pesquisador sempre acautelado ante a pletora de acontecimentos obsequiosos, ao talante de sua inteligência e discernimento.

Os ramos disciplinares que cobrem a Saúde e a Educação (esta jungida à primeira) conformam um grupo na classificação vigorante, na contextura do qual é totalmente indispensável essa vigia do vivaz operário da Ciência, a fim de explicar e vincular fatos fenomênicos de toda procedência, para, juntando uns aos demais, poder abduzir as variáveis indesejáveis e empregar seus consequentes à saúde e à boa qualidade de vida dos grupos humanos.

A Ciência e Arte da Enfermagem é um dos segmentos desse concurso de saberes parcialmente ordenados, e seu trabalhador  transitou por programa universitário de graduação, de modo que  dele se aguardam: a indispensável perseverança na formação em serviço de seu mister funcional; a subida por todas as escaleiras de caminho da Universidade, sempre na intenção de melhorar  e chegar à perfeição – a atenção àquele ser falto de boa saúde; pelejar  instando, também, para que outros assim procedam – pela conservação da saúde humana; transmitir teores científicos na Academia no mister de professor; atuar junto às comunidades feito orientador das iniciativas de cuidado com a saúde – curativa quanto preventiva; e muitas outras obrigações como cidadão e profissional nas mais diversas associações grupais, particularizando o grupo familiar.

A Educação em Saúde é o exato ajuntamento de dois conglomerados de conhecimentos, dotado de tenção de prontificar a pessoa humana para conservar a Saúde, tendo por veículo a Educação.

A consorciação dessas sistematizações e seu exercício surtiram efeitos não questionáveis na maximização da qualidade de vida humana, mormente porque os estudos dessa área são feitos no contorno acadêmico e nos programas de pós-graduação em senso estreito – cursos de mestrado e doutoramento – cujos resultados imediatamente são socializados, via extensão universitária e como partes de políticas públicas específicas.

A atividade artística e científica da Enfermagem, decerto, é a área mais atuante no campo da Educação em Saúde, porquanto o trabalhador enfermeiro, nas escolas ou na zona rural da pesquisa científica, bem assim pelo próprio trabalho de atenção à saúde desenvolvido, é o que executa a tarefa de maior monta da filosofia desse setor do cuidado, pois é da sua autoria a maioria dos ensaios compostos na Universidade, sempre sob a orientação dos melhores professores-investigadores.

Nessa ambiência, pois, é onde está situada esta obra elaborada a duas privilegiadas mentes e quatro mãos diligentes, por Zélia Santos e Raimundinha Magalhães, professoras dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva (antes, Educação em Saúde) da UNIFOR, assinantes de pesquisas diversas em livros e magazines científicos de fé brasileira e de acreditação internacional.

Essa união das pesquisadoras teve o escopo de acrescer a produção libraria especializada entre nós, concedendo por presente ao estudante e ao investigador o relatório de minuciosa busca procedida junto a mulheres com hiperpiese em ambiente de nosocômio da Capital do nosso Estado.

Levando na linha de conta a ideia de que a produção atinente aos níveis pressóricos maxialterados é ainda bem parca no Brasil – em relação a investigações para emprego na Educação em Saúde  o livro, assinado por duas grandes expressões da Enfermagem e da atividade magisterial neste País, supre uma lacuna até então provada no meio acadêmico de Fortaleza, considerando a multiplicidade de pontos por elas suscitados, expressos e resolvidos com o máximo rigor da metodologia, com detalhamento respeitante a aspectos  promotores da hipertensão arterial, a exemplo de sedentarismo, dislipidemia, estresse, sobrepeso, obesidade, ingestão de excessiva de café, drogadição ilícita e tabagismo.

Impende referir, ainda, que a rareza indicada há instantes é exarcebada quando se cuida de estudos de hiperpiese em clientela feminina, evento a reunir mais valor ao volume sob comento, do qual extraí a melhor impressão, em especial, neste momento (novembro de 2014), na qualidade de safenado desde 2005, máxime pelos pormenores de suas seções, detalhamento e conteúdo didático e científico do seu pujante teor, do qual pode se abeberar qualquer consulente de boa leitura, sem a necessidade de ser especialista.

Hipertensão Arterial – Abordagem para Promoção do Cuidado Humano veio para ser consultado, como espécie de vade-mecum acerca de graus pressóricos arteriais alterados, principalmente em mulheres.

Sem nenhuma dúvida, esse evento significa sucesso venturoso para a ação científica exercitada no Estado do Ceará, cujas escritoras são suas distintas delegadas naturais, desnecessária a nomeação, para gáudio da Universidade de Fortaleza, das academias locais, bem como de todo o Brasil.


*Vianney Mesquita 
 Docente da UFC 
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa  
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo 
Escritor e Jornalista

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