PORTUGAL PARA PRINCIPIANTE
Wilson Ibiapina*
Depois que Portugal
começou a exibir programas da televisão brasileira, o português começou a se
acostumar e até mesmo a usar expressões que nós falamos no Brasil. Assim mesmo,
ainda é grande a diferença entre a língua falada nos dois países. Não é
brincadeira: melhor mesmo é levar um interprete.
Os portugueses são
literais, como a letra do texto. Um dia, Toninho Drummond e eu fomos ao Banco
do Brasil. A agência ainda estava fechada. Batemos com o nó dos dedos. Um
português abriu o vidro e nós perguntamos:
– A que horas
abre?
E ele, com caro de
espanto:
– Pois estou a abrir?
Num restaurante,
depois que o garçom descreveu o bacalhau pedido pela Edilma, minha mulher,
apontei o cardápio e perguntei:
– Como vem esse
frango?
– Esse frango não vem.
– Porque? – Por que eu
é que trago.
Como se não bastasse
esse jeito lusitano de não interpretar o que a gente fala, ainda existe o significado
diferente das palavras. Telefone Celular lá é “Telemóvel”. E não atenda dizendo
"alô" e sim "Está lá?".
Garçom lá não tem
nome. Chame-o de senhor. “Rapaz", não. Pode achar que você está
confundindo com um paneleiro, ou melhor, com um homossexual. Bicha lá é fila,
sapatão é fufa e garoto é puto.
Injeção é pica e bunda
é cu mesmo. A palavra bunda veio da África sem passar por lá. Então, se ouvir,
”um puto tomando pica no cu”, não se espante. É apenas um menino tomando uma
injeção na nádega.
Mulher menstruada “está
com história”. Se entrar numa farmácia lembre-se de que absorvente feminino é “penso
higiênico”. E se quiser aproveitar para comprar camisinha, o nome lá é “durex”.
Se quer durex, peça fita-cola.
Num café, peça uma
bica com um paposeco, que lhe será servido um cafezinho com pãozinho
francês. Lá chiclete é pastilha elástica. Nunca peça uma coca, mas sim uma
cola.
Quer ir ao sanitário,
pergunte onde fica o salva-vidas. Se falar que quer um banheiro eles vão lhe
apresentar um salva-vidas de praia.
Dor de dente? Pergunte
onde encontrar um estomatologista, que é como eles chamam o dentista.
Se você é um “marialva”,
quer dizer, um mulherengo, nunca diga que está com tesão na cachopa e sim “com
ponta”. E se vai convidá-la para se embebedar chame-a para enfrescar-se.
Quer saber mais? Cego
lá é “invisual”; professor particular é “explicador” e garis são almeidas.
Calcinha feminina é cueca, peruca é “capachinho”. No avião, lembre-se de que a
aeromoça é “hospedeira”, e que você vai “descolar” aqui e que, quando “aterrar”
lá, vá logo dizendo: "Ora pois, cá estou".
*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ
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