quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ARTIGO (RMR)


MOTIVAÇÕES DO ELEITORADO
Rui Martinho Rodrigues*


O eleitorado formou dois blocos. As políticas sociais foram debatidas. A divergência está na sustentabilidade financeira delas. É preciso preservar o equilíbrio fiscal e a estabilidade da moeda para que as políticas sociais seja sustentáveis? Ou tal argumento é a negação das referidas políticas?

Probidade administrativa é outro tema. Só é verdade a improbidade do outro? As irregularidades estão de ambos os lados? Há quem justifique o assalto ao erário. Sempre foi assim; o outro excede quantitativamente a desonestidade; moralidade é ingenuidade; argumento ético é hipocrisia; o denunciante é desqualificado: eis os raciocínios postos pelas partes, conforme o lado e as alianças.

Clientelismo e compra de votos, embora presentes no mundo dos fatos, são acusações meio esquecidas no debate atual. O silêncio não foi explicado.

A percepção do Estado como agente da História para o aperfeiçoamento do homem, através da reengenharia da sociedade, é outro divisor de águas. Há os que temem invasão da vida privada. Outros desejam um Estado curador de incapazes, criador de um novo homem.
Relacionado ao tema do Estado curador de incapazes, a moral tradicional, envolvendo temas ligados à vida sexual e drogas divide o leitorado. A moral tradicional é posta, por uma parte, como preconceito, patologia psiquiátrica (fobia). Juízo de valor é visto como agressão. Tolerância é interpretada como cerceamento da liberdade de expressão, de consciência e do direito à crítica. Alguns percebem ainda a atitude dos “novos gestores da moral” como agressão aos valores conservadores e tentativa de impor pela força uma orientação.

A diplomacia não foi debatida, embora haja muito o que discutir acerca da orientação dada pelo governo brasileiro às relações internacionais.

O debate não teve qualidade e nenhum dos polos é homogêneo quanto a tantos aspectos. Os ajuntamentos contraditórios contribuíram para aumentar um terceiro grupo, instável, flutuante, exacerbando a volatilidade das intenções de voto.

*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10

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