sexta-feira, 3 de outubro de 2014

ARTIGO (AS)

BNB: NOVOS PONTOS DE INFLEXÃO
Arnaldo Santos*



O Banco do Nordeste tem experimentado, ao longo de sua trajetória (62 ANOS), ora com sucesso retumbante, ora com êxito discreto, conquistas relevantes que pontuam sua atuação como instrumento do Governo Central para a promoção do desenvolvimento regional. Tem vivido, também, vários momentos de grande tensão corporativa em sua caminhada.

Esses momentos, que representam pontos de inflexão estratégica,  são motivados, muitas vezes, por demandas de seu ambiente externo, em constante mudança, e outros tantos originados da visão de seus líderes. Em todos esses momentos críticos, o BNB desenvolveu respostas constituídas por ações administrativas para enfrentar ameaças reais e potenciais à sua existência.

Ou então, complementarmente, tem buscado explorar oportunidades operativas capazes de deter o avanço dessas ameaças, de forma que o Banco se legitime institucionalmente como ferramenta do Governo Federal em suas políticas voltadas para o Nordeste, e se apresente à sociedade, no final, como uma empresa eficiente, flexível e capaz de contribuir para que os agentes produtivos da região exerçam seu papel, com o apoio da Instituição. Enfim, em cada momento, o BNB tem procurado empreender ações que o façam continuar sendo útil à sociedade nordestina.

O Banco vem fazendo isto em toda a sua história. São momentos épicos como, por exemplo, o engajamento na luta pelo FNE e, no auge do chamado neoliberalismo,  o enfrentamento desafiador de se enquadrar como uma empresa de mercado, autossustentável,  sem perder o vínculo histórico de sua missão em contribuir para o desenvolvimento regional. Evidentemente, neste caso, os paradoxos associados com o fato de o BNB ter que atuar  ao mesmo tempo como uma empresa de mercado e uma agência de fomento têm representado imensos desafios para seus dirigentes e funcionários.

E o que dizer do papel do Banco no atual momento histórico-político liderado pelo atual presidente Nelson de Souza, quando novos governantes estão para ser eleitos? Qual seria(m) o atual (ou os atuais) desafio(s) estratégico(s) do Banco, e como poderia enfrentá-lo(s) desta vez, sob um cenário completamente diferente daqueles do passado?

Pessoalmente, vejo que um dos grandes desafios atuais que se apresentam ao Banco seria o imperativo de formatar ações customizadas direcionadas a cada um dos nove governos estaduais da Região.

Quando digo “ações customizadas” pretendo contrapor tais ações ao que o BNB vem fazendo nos últimos governos, onde suas políticas e programas, apesar da boa qualidade técnica de concepção e da costumeira eficiência gerencial na sua aplicação, são lineares, sem uma diferenciação aparente ou sem um foco que visem as especificidades dos problemas enfrentados por cada um dos Estados do Nordeste.

O fato de não ter, em minha opinião, uma presença diferenciada em cada Estado da região parece sugerir um vácuo na ação institucional do BNB, pois se sabe que as diferenças entre essas unidades da federação são bem particulares, que requerem ações diferenciadas, em muitos casos, por parte de todos os órgãos do Governo Federal. Os Estados do Piauí e Maranhão, a meu sentir, têm carências bem mais agudas do que Pernambuco, Bahia e Ceará.

Isto posto, parece-me que, após as definições eleitorais em 05 de outubro, na maioria dos Estados, com novos governantes em cena ou com pelo menos novos períodos de governo para os candidatos que forem reeleitos governadores, e ainda sob novo cenário político-institucional no Brasil, seria de bom alvitre o BNB realizar seminários em cada um dos Estados para captar sugestões dos governos locais, que sirvam de base a um vigoroso programa de ações específicas voltadas pontualmente para os Estados, sem prejuízo, no que for apropriado, da continuidade das ações atuais da Instituição, no tocante à transversalidade dessas ações com os novos eixos de ação definidos sob esse novo ponto de inflexão estratégica da Instituição. 
Lançamento do livro Banco do Nordeste  60 Anos de História e Desenvolvimento  
 26/09/2014

Seria uma forma de mostrar um novo posicionamento estratégico da nova diretoria em favor do desenvolvimento regional, estreitando a colaboração entre o BNB, os governos estaduais e o setor produtivo.

*Arnaldo Santos 
Jornalista e Sociólogo, 
Doutorado em Ciências Políticas,
Titular da Cadeira de nº 13 da ACLJ 
Co-autor do livro 
Banco do Nordeste 
60 Anos de História e Desenvolvimento.   

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