LIÇÃO DIVINA
Por Reginaldo
Vasconcelos*
O jesuítico Papa
Francisco, com franciscanas intenções, no último dia 26 de janeiro, da sacada
do Vaticano, pediu orações pela paz à multidão da Praça de São Pedro, a
propósito de recente chacina perpetrada pela Máfia contra uma família
siciliana.
Ato contínuo, Sua
Santidade recorreu ao simbolismo curial de fazer duas crianças que o ladeavam
na janela vaticana libertarem pombas brancas, as quais deveriam iniciar um voo
olímpico sobre o público, devoto e enlevado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi062gtCdnUD6ECzDDy73o2urcq-AJkwbD02cmikvVGeLRqTtJLaaLa7c9ZeADwptG4efjjH45C690kdQOXj85n4voo0xJvGpWY0YwK5O9Ldx76LtsKHLEeD2J1KHGQhmMajvqBn1zstLw/s1600/CORVO+II.png)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd1v1O50hhmJoDkXu3u3gh_gzLPQ8oJ962eLf47dFAoq6oRb4CE6z5kI1tI1vuUjrcZiF6hpqZ3ecEGkBHco_Yg25Ect47MwISy3TqGwUyX55F2TddLWfBRV5t-nh6OIL_samoYZ2AAss/s1600/GAIVOTA+II.png)
A primeira ilação que
se pode fazer sobre o episódio é que apelos de paz são inócuos no conflito de
interesses, fazendo esplender o brocardo latino si vis pacem, para bellum.
De fato, infelizmente,
boas intenções e gestos pios, porquanto evidenciem a existência de uma porção
divina no espírito dos homens, não podem elidir o seu lado bruto, realidade que
se reflete, também assim, na Natureza.
Os bichos competem
entre iguais, e devoram os desiguais, e
é dessa maneira que funciona a biosfera. O homem, que em última análise é o
lobo do homem, procura conter a fera íntima por meio das leis e dos preceitos
místicos, mas enquanto alguns cultivam flores muitos porfiam por poder.
A segunda lição que o
episódio transporta trata dos riscos a que a liberdade expõe a todos. Soltos na
natureza os animais precisam lutar para obter alimento para si, e para não se
transformar em alimento alheio, enquanto sob a proteção humana têm casa e comida
garantidas, proteção, carinho, remédios...
Equinos, caninos e
felinos domésticos, e mesmo as espécies que nos servem de alimento,
provavelmente estariam extintos hoje sem a proteção do ser humano. Sim, a vida
selvagem é dura e cruel – e o homem precisa de limites civilizatórios para
conter o seu lado beluíno.
A moral dessa história
é a seguinte:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhziVsPWb9PDr3lBx7D9dvYyP2pZKDMLmPBTDLvD28NDxY0A1FYakvmg4zeJz0vJVdbAmOBXG857W846pbJFpFzxt3_Iut2Xhe6tmqJXovU5XoBuG-NcD_DEA2KHl6PH3hM9Bj7HgpGMfM/s1600/JUSTI%C3%87A.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDKnlVzp4ZTS3zvuVMTq5-yXQBOY2xR5cFx8lhiFENUx7D0hzuGb-PRpWoUcs891IMhFKNNYHDPDmraR7pnPgpjmBENRgOxKai6PcOHlojn24i0-SZpi1CZwUww_MYF5aOrMoHmRRn5JQ/s1600/DISCIPLINA.jpg)
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário