O MAIOR EXPERTO DA LITERATURA DO
CEARÁ
Vianney Mesquita*
A profissão de escritor é, consoante
a maneira pela qual se exerce, uma infâmia, um passatempo, um ofício, uma arte,
uma ciência ou uma virtude (A.W. Schlegel -*Hannover, 10.03.1772; Dresden, 11.01.1829).
Sânzio de Azevedo |
No nosso trabalho
subordinado ao título Resgate de ideias –
estudos e expressões estéticas (Fortaleza: Programa Editorial da Casa de
José de Alencar, da U.F.C., 1996; 192 p), procedemos a comentários fugazes
respeitantes à obra Aspectos da Literatura
Cearense (1982), do polígrafo coestaduano Sânzio de Azevedo, trazendo ao
público ledor pontos ainda obscuros ou ainda pouco mencionados (há 32 anos)
pela regular bibliografia em curso, até então, a respeito das letras no Ceará.
Doutor em Literatura,
este polimático docente da Universidade Federal do Ceará – e que enverga
pelerine da Academia Cearense de Letras – subscreve dezenas de obras
literárias, desde a estreia, em 1962, com A
Terra antes do Homem, nos seus variados esgalhos de estudo.
A despeito de sua
mocidade (quando dos mencionados escólios, preparados logo após a publicação da
obra de S. de A., em 1982, ele contava apenas 44 anos), já se postava como
ensaísta reconhecido e respeitado em todo o País, colunista sabatino e
dominical de periódicos de Fortaleza-CE, onde registou parte da história da
nossa literatura e, ainda hoje, pesca no passado incompletamente devassado os
aspectos desconhecidos do publico atual, intocado pelo pesquisador.
Os enganos, falácias e
dúvidas dos historiógrafos temáticos, a pouco e pouco, se dissipam, mercê da
diligência de autores da estatura do Prof. Dr. Sânzio de Azevedo, o qual
demanda concertar, pela identificação de fatos novos no sombrio pretérito, a
historiografia literária do Ceará, distinta parcela do acervo literário
nacional.
No tempo do lançamento
dos Aspectos, éramos o gerente, para
a Universidade Federal do Ceará – Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, do
Programa de Incentivo à Capacidade Editorial das Universidades Federais –
PROED, do Ministério da Educação, o qual, em convênio com a Academia Cearense
de Letras, editou o mencionado volume, o qual preenche claros no exame das
letras neste Estado, servindo de orientação àqueles que demandam o conhecimento
da nossa literatura e de sua história, feitas componentes do todo nacional.
É extensa a obra de
Sânzio de Azevedo na seara do ensaio, da historiografia de letras e na poesia –
sonetista que é da melhor crase e bardo também noutros tabiques formais de
composição, porquanto conhecedor em profundez dos expedientes de versejar.
A qualidade científica
de seu acervo é inconcussa, pois assentada em uma formação humanística
resistentemente sólida para conferir essa garantia, transitado que foi esse
Escritor pelas melhores escolas, bem assim no uso e bom vezo da autodidaxia
constante.
Em tais
circunstâncias, experimentou haurir não apenas conteúdos das Humanidades, como
também se escolarizou na seara de teores sociais do saber, da Filosofia e,
entre outras vertentes do conhecimento, de História Natural e Paleontologia,
prova do que é a temática de seu há pouco mencionado trabalho de estreia – A Terra antes do Homem.
Dolor Barreira |
Procedente de grupo
familial de linha culta, Rafael Sânzio de Azevedo é nosso maior doutrinador de
história literária, sobre ser, também - consoante mencionado alhures -
excepcional poeta. Ele substituiu, magnificamente, por exemplo – e até com
melhores condições, pelo fato de haver desenvolvido programas formais de
mestrado e doutorado – os mestres Dolor Barreira (*Solonópole-CE,13.04.1893;
Fortaleza, 30.06.1967) e Otacílio dos
Santos Colares (*Fortaleza, 01.09.1918; 06.04.1988), nos misteres de gravar,
com absoluta fidelidade aos pressupostos científicos, os feitos da nossa arte
de escrever nos mais variegados gêneros.
Otacílio Colares |
A produção multímoda
de S. de A. é repositório fidedigno do pretérito cearense no vasto campo
elegido para doutrinar, pelo que se faz referência compulsória em qualquer
estudo de propósito feito para historiar, analisar ou meramente mencionar o
presente e o tempo transato das marcas deixadas nos carreiros do beletrismo
cearense.
*Vianney Mesquita
Professor da UFC
Escritor e Jornalista
Membro da Academia Cearense
da Língua Portuguesa
Titular da Cadeira de nº 22 da ACLJ
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