Deu-se ontem um
importante fato histórico, a eleição de um novo Papa, que se seguiu a um
acontecimento insólito – a exoneração voluntária do Papa anterior.
Há alguns dias o
jornalista Arnaldo Santos reuniu mais três confrades da ACLJ no seu programa
Visão Política, na FGF TV, para discutir as causas da renúncia de Bento XVI – o
agora Bispo Emérito de Roma, Joseph Ratzinger – e naturalmente especular também sobre a eleição do seu futuro
sucessor.
Na oportunidade, os Professores
Roberto Martins Rodrigues e Rui Martinho Rodrigues, e este jornalista Reginaldo
Vasconcelos, sob a mediação de Arnaldo Santos, tentamos analisar as três
grandes teses sobre os motivos da renúncia.
Essas teses são a aposentatória,
como verdade pública; a conspiratória, como verdade secreta, em que se liga a morte de João Paulo I ao atentado contra João Paulo II; e, enfim, a verdade
prática, que seria a possibilidade de assistir à eleição do sucessor, e nela
exercer alguma influência política.
O que se apura de tudo é que
essas teses são complementares. De fato o Bispo Ratzinger estava cansado e
doente, de fato sofria pressões insuportáveis das muitas facções que há na
Cúria, e de fato quis acompanhar em vida os novos destinos da igreja.
A igreja, na Idade Moderna, tem
enfrentado três desafios seculares: no Século XIX, o liberalismo; no Século XX,
o comunismo; e, neste século XXI, o relativismo da moral.
Para os defensores
desta última vertente, a chamada “cultura líquida”, a Igreja tem perdido
adeptos porque não tem acompanhado a tendência evolutiva mundial, na qual a
família se torna fluídica e amorfa, podendo ser mosaica, monoparental e
homossexual.
Contudo, Rui Martinho demonstrou
que, pelo contrário, a Igreja se tem enfraquecido exatamente por vir
abandonando os seus preceitos tradicionais, degradando os seus rituais, desde a
abolição do uso do latim até a dispensa da batina, com sacerdotes cada vez mais
envolvidos em militância política, em negócios espúrios e em escândalos eróticos.
O Professor Rui fez ver que os
fieis católicos têm migrado para profissões de fé muito mais rígidas, como as denominações
evangélicas, o ascetismo budista e mesmo a rigorosa religião maometana. Ele
nota que as pessoas que têm sede de espiritualidade não se conformam com hipocrisia
moral e com regras frouxas.
O Papa eleito, o
argentino Jorge Mario Bergoglio, agora Francisco I, se conflitou com o Governo de seu país exatamente porque defendeu posições conservadoras.
Tudo indica que ele vai recrudescer na direção de uma Igreja mais intransigente com preceitos da moral, visando depurar as instituição dos espíritos mais modernosos, mas atraindo os que procuram pulso forte.
Entendo que entre todos os sacerdotes católicos, em todos
os graus de sua hierarquia, não há nenhum de mediana idoneidade. Para mim, eles
todos se dividem em santos e cretinos, em Andrés Camurças e Fernandos Lugos, entre Helderes Câmaras e Severinos Cheregatos, sem nenhum tipo intermediário.
Pessoas comuns não permanecem retas e castas como
exige o sacerdócio, seguindo ritos medievais e professando um credo antigo, a
menos que sejam dotadas de altíssima virtude. Por outro lado, pessoas de bem
não conseguem permanecer fingindo, cumprindo uma pantomima eclesiástica, pelos
confortos e vantagens que a batina proporciona. Esperemos que o Papa Francisco
esteja entre os virtuosos.
Por Reginaldo Vasconcelos
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