UM AMANHÃ INCERTO
Vive-se em um estado
de incertezas frente às ameaças de guerra nuclear, com consequências apocalípticas,
somadas às agressões desenfreadas ao meio
ambiente (queimadas, devastação, poluição, entre outras). O espaço verde é
tomado pelo cinza. Contaminam-se os mares, os lagos e os rios.
O único responsável, o
homem, polui, desfloresta e desertifica para, em seguida, ter de se curvar ante
a resposta da natureza, como vista nos
terremotos da costa da Sumatra e no Japão.
Anteveem-se desastres
ecológicos, em face da incessante ação predadora humana. Entrementes, a
natureza agredida reage, dando eficácia ao postulado newtoniano da ação e
reação.
Apesar de sua pequenez
diante da Sabedoria, o homem, dito racional, supõe-se um deus, uma ilha e
despreza o viver efetivo e afetivo, em comunhão societária na polis e pela
polis, imaginada no pensamento aristotélico.
A velha ficção
científica tornou-se realidade ao prenunciar os atuais riscos da humanidade,
com a desintegração do átomo. E Einstein, mais tarde, confirmaria: "A desintegração do átomo
transformou tudo, exceto nossa forma de pensar; por isso, caminhamos para uma
catástrofe sem paralelo."
Assim, o inadequado
armazenamento dessa forma de energia e os dramas causados pelo seu mau emprego
foram subestimados. Nessa toada optou-se – quase que exclusivamente – pela
energia nuclear, que apesar dos cuidados na sua manipulação já protagonizou
desastres ambientais. Paralelamente, postergaram-se fontes energéticas
alternativas oferecidas pela natureza: a solar, eólica, das marés, das quedas
d’água.
As florestas estão
sendo dizimadas. A poluição da atmosfera, das águas e a radioatividade são Sinais inexoráveis da ruína: os derradeiros estertores de um mundo corroído, de
uma civilização a um só tempo avançada e decadente.
A tecnologia supera os
limites da imaginação. Fabrica armas letais para destruir o mundo em minutos.
Aviões não tripulados, os drones, matam a milhares de quilômetros de distância
tendo por alvo, no momento, os suspeitos de terrorismo. Uma espécie de jogo de videogame que não estressa o
matador.
A insensatez
predomina, daí a destruição, a violência global. Nesse contexto que parece
irreversível, conforta abrir a janela da contemplação do que ainda resta na
natureza, apreciando-a como nascente de felicidade: o por do sol na linha do
mar; o ouvir e sentir o marulho, enquanto o espumar das
ondas esvanece no alvor das areias da praia.
Também enleva e
conforta o recôndito da alma, arco Iris, a sinfonia dos pardais, o canto dos
sanhaçus, dos bem-te-vis e de pássaros, em extinção, que alegram o alvorecer da
metrópole. Entre a massa de concreto e o asfalto, ainda viça o verde, os
beija-flores, onde livres gorjeiam e adornam as árvores e os jardins,
conformando-se na “selva de pedras” como se vivessem em seus habitats.
Mesmo
sem a utilização de armas nucleares, mas devido às agressões múltiplas
perpetradas contra a natureza, explorada irracionalmente em
seus recursos, a terra nossa corre o perigo de extinção.
Apesar dos pesares,
nesse cenário, os presságios são enfrentados pelos defensores da ecologia,
idealistas que lutam por um desenvolvimento sustentável. Louvável trabalho
voltado para um mundo melhor, somente atingível com a paz - o céu então ficará
mais azul e o planeta terra mais enverdecido pela clorofila.
Por Paulo Maria de Aragão
Titular da Cadeira de nº 37 da ACLJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário