Monólogo de uma vida
Pierre Nadie*
– Vou-me embora de mim.
– Como, se não inda te encontraste?
– Não me suporto mais.
– Que relação tens contigo?
– De mim, nunca tive encontro comigo.
E já me vejo em desencontro.
– Vê, tu és tu. Não consegues fugir de ti.
– Por que te desencontras
Se não buscaste encontrar-te?
Existir não é bastante
Para valer a pena viver
É preciso te sentires
Saber o conteúdo de ti
É preciso te abraçares
Plantar flores
Não remover espinhos
– Vê, a aurora está a vir
Caça-te aos seus albores
Cegos a olhos herméticos
Não sejam aos teus
Não te casse a vida
Nem te deixes dela fugir.
Não, não podes viver sem ti.
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