NÃO
DEIXE
O
SAMBA MORRER...
JO GU
BAS*
AO REINICIAR os rascunhos para tentar produzir
mais uma crônica, a já envelhecida mente viajou para um passado não tão
distante: o tempo dos carnavais de rua lá pelas décadas cinquenta-sessenta.
Molhados de suor, mas incansáveis e sorridentes, desfilavam pelas ruas os
blocos de samba, frevo, maracatus e marchinhas.
O corso começava à tardinha
pela rua Senador Pompeu, onde residíamos com a família na casa de nº 1418, e
dobrava pelas avenidas Duque de Caxias e Dom Manuel, findando na praça do
Passeio Público, de onde partira. Alguns blocos, a convite, iam à noitinha às
residências exibirem-se com suas danças e tomar a água que passarinho não bebe.
INESQUECÍVEIS igualmente os carnavais nos clubes sociais, destacando-se os da Saudade no Náutico Atlético Cearense, que reservava as segundas-feiras para a meninada. Ainda hoje canto baixinho, para não espantar alguns ouvintes, as belas músicas que não se fazem mais. Dancemos para tentar esquecer o vírus: Viva o Zé Pereira; Oh! Abre Alas; Você tem que gostar de mim; Cidade Maravilhosa; Alá-lá ô, ô, ô, ô; Oh! Jardineira porque estás tão triste; Ê Ê Ê, Aurora; Nós, nós os carecas; Sassaricando; Quem, sabe, sabe; As vassourinhas; Chiquita bacana; Não deixe o samba morrer; Leva meu samba...
E MAIS: Sei que é covardia; Trem das onze horas; Bandeira branca, amor; Bloco da solidão; Máscara negra; O que é que é; Tristeza não tem fim; Recordar é viver; Vai – com jeito vai; Você pensa que cachaça é água; Pó de mico; Oi, balancê, balancê; Daqui não saio, daqui ninguém me tira; Turma do funil; Me dá um dinheiro aí; Maria escandalosa; Touradas de Madri; Mamãe, eu quero mamar; Eu vou a Maracangalha; Ah! Coisinha tão bonitinha do pai; Um rio que passou em minha vida; Um Pierrot apaixonado; A estrela do mar; Lata d’água na cabeça; Está chegando a hora, e tantas que ainda são cantadas.
E O PASSAR dos dias segue veloz, ainda mais com quem está perto de virar a página dos oitenta anos de idade. Ao transcrever os títulos das músicas, espero sejam cantadas em seus lares, para voltarem os sorrisos no transcorrer do Dia das Mães, esquecendo ao menos por algumas horas da pandemia que parece invencível. A propósito, em reportagem publicada na Revista Época, de 14 de abril último, nos deparamos com a entrevista da engenheira eletricista Litza Melo Gusmão da Silva, nossa parente, que trabalha no Hospital São Rafael, em Salvador/Bahia, e assim se expressou:
“Em março do ano passado, quando começou a epidemia, eu pensei: não tem lugar do mundo onde eu queira estar. Não sou médica, nem enfermeira, mas sou útil com minhas habilidades”.
EXEMPLOS assim podem levar o Deus dos
Universos a ouvir as preces de seus filhos, e que o justo não mais pague pelo
pecador.
Precisava ler um texto assim no dia de hoje. Grato de coração.
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