Uma
Lição Sobre Fé
Edmar Santos*
A
literatura sempre nos apresenta ensinamentos através de diálogo com os autores.
A escolha temática geralmente está relativa ao momento vivenciado e/ou a objetivos
previamente traçados, em busca do conhecer.
A
fé é um tema de complexidade ao entendimento; variações científicas e vertentes
dogmáticas tentam explica-la, da forma mais plausível que conseguem, sem,
contudo, alcançar o seu fechamento.
No
livro de título ousado, denominado: “Salvos da Perfeição – Mais Humanos e Mais Perto
de Deus”, uma edição do ano de 2009; o autor Elienai Cabral Júnior nos
apresenta, dentre outros temas, em uma didática direta, eficiente, com uma
linguagem clara e concisa, algumas considerações que iniciam com uma indagação:
Por que não desistir da fé?
Sequencialmente
expõem sobre uma definição possível de fé, colocando essa como sendo uma
necessidade de acreditar e aderir a algo que ainda não conheço inteiramente.
Complementa inferindo que ninguém vive sem fé. Porque nunca sabemos
inteiramente de nada que passamos a experimentar. Fato.
Utilizando
do bom senso, alerta que o tema da maneira que aborda refere-se não a crentes
ou ateus, mas a uma relação de existência humana. Em suas palavras, é a
descrição do modo como a pessoa humana desempenha sua racionalidade e enfrenta
a imprevisibilidade da vida. A fé como forma de existir no mundo de escolhas. Aqui,
nos parece um posicionamento que vai ao encontro de posições filosóficas
existencialistas e fenomenológicas que, quase sempre, são postas em oposição ao
tema fé, no sentido teológico.
Ancora
sua perspectiva no argumento de que, segundo ele, escolhemos um caminho com
base no depoimento de outras pessoas que também o escolheram um dia. Aduz: Fé é
seguir em uma direção confiando que também vamos experimentar o que essas
pessoas dizem que provaram.
Para
Elienai, não se conhece objetivamente aquilo a que se adere, mas absorve a
plausibilidade que tal projeto parece ter, no depoimento de pessoas
convincentes e confiáveis. Essa fé, indica, é sempre uma manifestação da
sociabilidade, por meio da qual todos nós nascemos para esse mundo. Fé com o
outro.
No
que concerne aos momentos de crises de fé, analisa de forma lúcida que, todos
nós, afirma, experimentamos crises quando as razões que alegamos para viver em
uma direção são colocadas em xeque pelas adversidades, ou mesmo ofuscadas por
razões distintas e posteriores que se revelam melhores. Desertos que confirmam
a fé.
Prossegue
inferindo que, as circunstâncias futuras são probabilidades apenas, nem sempre
imagináveis, mas nunca certezas. E, por tal, conclui: a fé que se mostra
plausível agora pode se revelar insustentável, mediante realidades novas. São suficientes a surpresa, a frustração e o
insucesso para uma crise de fé. O revés, o grande teste.
Por
um embasamento teológico, nos diz que fé é um exercício de viver diante do que
é imprevisível e, portanto, tem nas crises estações inevitáveis para frequentar
durante o percurso da vida. Nesse viés,
propõe que, a fé é a modalidade de experiência humana de criar expectativas e
fazer escolhas diante do inesperado. Uma crise fraca implica fé mais forte; uma
crise forte torna a fé mais fraca, afirma.
A
fé é posta pelo autor, como um chão compartilhado, pois, infere: Não há projeto
humano solitário. A fé, continua, é a resposta a uma comunidade, que por sua
vez torna-se seu ecossistema.
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