MORRE RICARDO BOECHAT
ÚLTIMO ÂNCORA DO
TELEJORNALISMO NACIONAL
Reginaldo Vasconcelos*
Morreu Ricardo Boechat, o último “âncora” do telejornalismo brasileiro,
desde o grande Boris Casoy, ainda vivo e em atividade na mesma emissora, mas cuja atuação mais incisiva na
imprensa o petismo inviabilizou, já no início do primeiro período Lula e
durante todo o reinado de seu partido no Governo, pela disposição de Casoy em escancarar na mídia as “vergonhas”
nacionais. Boechat recebeu o bastão e continuou.
Nenhum outro apresentador de telejornal tinha a autonomia
jornalística recebida da emissora, e a bravura moral para apresentar críticas
pessoais, sempre isentas, sobre políticos e políticas de Governo. Cala-se,
portanto, uma das raras vozes que falavam pelo povo – sem exercer viés ideológico.
A Editoria deste Blog somente apresenta-se de luto nos necrológios
que publica quando tratando de membros da ACLJ ou, de seus colaboradores, ou
pelo menos, de jornalistas cearenses falecidos. Mas resolvi carpir pessoalmente
nesse nosso espaço a morte do Boechat, porque entendo que, sendo argentino de
nascimento e carioca de coração, era ele um jornalista nacional.
Conheci-o presencialmente, de quanto a Universidade de Fortaleza o
convidou para uma palestra a que eu assisti. E tinha a esperança de encontra-lo
de novo para cumprir uma promessa que fiz ao também jornalista carioca Artur da
Távola, desde quando este me disse que o Boechat não simpatizava com ele, e ele
não sabia o motivo.
Prometi ao Artur da Távola que perguntaria ao Boechat pessoalmente as
suas razões para a aparente antipatia, e lhe comunicaria – mas Távola se foi
primeiro de repente, e agora se vai aquele que eu ainda pretendia um dia
interpelar a esse respeito.
Eu ouvira a edição de hoje do seu programa radiofônico matinal, que
a TV Bandeirantes levava ao ar todos os dias, em que ele colocava no ar o colunista
satírico José Simão, e logo depois tive a notícia de que saindo de lá em um helicóptero
Boechat tivera um acidente e falecera.
Isso reforça as minhas prevenções contra esse fatídico meio de
transporte aéreo, desde o que me disse certa vez um ex-colega de colégio que já na infância pretendia ser piloto de helicóptero, e que conseguiu sê-lo, o
qual encontrei na fila de cumprimentos de um casamento, na Igreja do Líbano. Na
oportunidade, ele confessou-me que a sua profissão era de fato uma atividade de
alto risco. Aliás, nunca mais eu soube dele, Paulo Cavalcante, primo do famoso construtor Luciano, de mesmo sobrenome.
Rico que eu fosse, jamais recorreria a essa invenção aeronáutica, que continua sendo uma solução eficiente para muitas missões, mas se mantém
como uma perigosa improvisação da ciência, que se sustenta no ar por um esforço
mecânico exacerbado, afrontando a aerodinâmica e desafiando de forma atrevida a
gravidade, a depender de muitos mecanismos delicados e frágeis, de cujas
mínimas falhas o resultado é tenebroso.
O acidente do Boechat aguça as minhas preocupações com os meus
amigos, afetos, confrades, que podem e abusam dessa traquitana voadora, que eu conheci de
perto, e por dentro, e nos ares, quando Assistente do Governado Manuel de Castro, que
costumava usar um deles para ir a Morada Nova, nos idos de 1982, e eu era forçado a companhá-lo.
Na imagem do
meu arquivo pessoal apareço recebendo o Chefe do Executivo estadual em sua
fazenda – eu que já fora por terra em precursão e montava um cavalo, optando desta vez por meios de transporte mais
seguros.
Eu nem sempre concordava com o que o Boechat dizia, mas era consciente
de que ele sempre o fazia de boa-fé, ainda que eventualmente equivocado, como eventualmente
discutíamos a respeito eu e o confrade Paulo Ximenes, que também rebatia às
vezes as suas afirmações. Ainda está na face do Blog um artigo postado na semana passada – “A Nova Ordem Nacional” – em que eu cito o
Boecht, para contradizê-lo, porém, com respeito e elegância.
Muito triste! Deus o conduza a uma outra de suas moradas (certamente melhor do essa em que ficamos!!!
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