quinta-feira, 1 de maio de 2014

ARTIGO (PMA)

O EXEMPLO ROOSEVELT!
Por Paulo Maria de Aragão*


“A preguiça é a chave da pobreza", “a ociosidade é mãe de todos os vícios”, outros aforismos populares retratam essa praga disseminadora da miséria, da violência difusa e desagregadora da sociedade. “Ai, que preguiça!” - dizia, a toda hora, Macunaíma, herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade. E o seu espírito continua representando a malandragem no Brasil, fazendo ver que o bom malandro, além de indolente, nunca para, só “dá um tempo”.

Viver no ócio é quase tão ilícito quanto roubar, inaceitável pelos macunaímas que não se pejam quando chamados de sanguessugas; ao contrário, vangloriam-se em dizer que gozam a vida, sabendo aproveitá-la, dormindo, tomando umas e outras, indo aos forrós, jogando sinuca e aguardando a ajuda do governo.

Difícil é incutir na mente do povo a ideia de crescimento e progresso por meio do trabalho. Fácil é esbanjar dinheiro público na promoção do assistencialismo e paternalismo - causa da dependência e passividade de vidas que se anulam, que se deixam levar docilmente pelo cabresto. Enquanto os impostos escorcham os cidadãos, o país gasta mais do que arrecada, indiferente aos baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), na distribuição de renda, acesso à saúde, à educação e à segurança, mas prevalece o conformismo a cada eleição, a cantilena de mudanças sociais.

Desfaçatez à parte, em política, dizem que tudo é permitido, mesmo assim surpreende: o presidente Obama, numa economia quase oito vezes maior que a nossa, tem apenas 200 cargos comissionados. Aqui, a presidente Dilma dispõe de 22 mil, além de 39 ministérios, antevendo a criação de mais dois. A Alemanha, detentora da economia mais sólida da Europa, se contenta com 14 ministérios, e Angola, com 28.




Nesse cenário, avalia-se o progresso de um país pela força do trabalho, moralidade e respeito às leis, as quais devem ser aplicadas indistintamente. Tal lição os Estados Unidos aprenderam, e o Brasil ainda precisa aprendê-la para que um dia seja potência. Em 1933, quando Franklin Delano Roosevelt assumiu o poder, os Estados Unidos viviam os efeitos da Grande Depressão, solucionada com o plano New Deal.

Emil Ludwing, um de seus biógrafos, em seu livro Roosevelt (1938), destaca que o maior estadista do século 20 comprou nove milhões de acres de terra inculta e neles instalou 208 colônias agrícolas; escoimou das cidades vadios, viciados e desordeiros, levando-os, com os voluntários, para essas colônias. Em 1935, 20,2 milhões de homens haviam sido transferidos; construiu frigoríficos, armazéns, silos e estradas; dois anos mais tarde, não havia mais desocupados nas capitais e quase cem países dependiam da produção agrícola americana; era a consagração do governo Roosevelt.

Nesse primeiro de maio, comemorando-se o dia internacional do trabalho, merece reflexão o projeto redentor rooseveltiano. Enfim, a causa mais importante para o ser humano, depois de Deus, deveria ser o trabalho; só ele nos dignifica, estabiliza, dá o norte à vida e leva o sustento honesto para a família.

Em que pese a essa grande lição da história, nosso país permanece carecendo de timoneiros de bom e sólido feitio moral, dotados de posições estadísticas. É preciso dar um basta aos politiqueiros sem missão alguma, propensos a baixezas, já comprometidos com o passado. Para nós, as urnas despontam como uma opção.


Em 01 de maio de 2014 - Dia do Trabalho


*Paulo Maria de Aragão 
Advogado e Professor 
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE 
Titular da Cadeira de Nº 37 da ACLJ

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