Lúcido Patriota
Por Geraldo Jesuíno da Costa*
Capa e orelhas por Geraldo Jesuíno |
De vez em quando, alguém ainda se arremete ao quase desusado costume de
cuidar dos seus escritos com o carinho e, antes de mais, com o respeito que
lhes merece a língua-mãe embora, não raro, tais empreitadas lhe valham algum
rótulo, como, conservador, “quadrado”, acadêmico – com ranço – ou, simplesmente, antigo.
De quando em vez, inda é possível
encontrar autores que não se rendem, e ainda se indignam à moda pessoana, que
ainda empunham em estandartes, já nem tão numerosos, o orgulho de ter tido e
continuar tendo sua formação forjada “naquela” academia, em cujos pilares se
sustentam a cultura, a ética e a cidadania.
É uma dessas vezes. Leio agora Arquiteto a Posteriori,
novo tomo que me presenteia a incansável lavra do Professor João Vianney
Campos de Mesquita, mas não alcanço surpresas. Antes, a comprovação de um passo
– mais um – seguro, mais
maduro e, como sempre, cuidadosamente executado, na trajetória de sua já
extensa e respeitável obra literária, na qual figuram, na mesma linha deste, Impressões – estudos de Literatura
e Comunicação(1989), Resgate de ideias (1996) e Repertório
Transcrito ( 2003).
Aqui, Vianney conscientemente – abstrai as barreiras que
aparentemente separam as inúmeras áreas do conhecimento e, com peculiar
simplicidade e segurança, entre elas trafega alçado pelo domínio da
interdisciplinaridade experimentada na atividade docente - labuta e sacerdócio –
provando ser possível pensar aproximando conceitos e ideologias.
Arquiteto a Posteriori reúne textos acerca de obras cuidadosamente eleitas sob o rigor
da qualidade, nos quais descreve olhar e sentimento, exercendo atitude
crítica pura, incólume às práticas menores dos achaques, dos denegrimentos
gratuitos e das desmerecidas lisonjas.
Assenhoreia-se, ao traçar os conceitos e considerações, da admirável
benquerença que lhe merecem os amigos e os bons textos, mas não se afasta da
atitude severa dedicada à análise erudita, que modestamente chama de
comentário.
Assim, sem descanso em seus cuidados, temor em seus princípios nem recuos
em sua dedicação ao idioma pátrio, empunha a bandeira de Pessoa e Lucie, e nos
presenteia com outra página da sua literatura a confirmá-lo legítimo patriota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário