“Navegar é preciso, viver não é preciso”. Século I a.C., Roma enfrentava
séria crise de abastecimento de gêneros alimentícios por causa de uma rebelião
de escravos. Seus habitantes sucumbiam à fome. O general Pompeu recebeu a
missão de abastecer a capital do império com trigo vindo das províncias.
Para tanto, teria que deixar o sossego da Sicília, onde se encontrava, e
enfrentar os perigos da navegação no mar: instrumentos imprecisos, barcos
frágeis e frequentes ataques de navios pirata. Foi nesta ocasião que, segundo o historiador Plutarco, Pompeu teria proferido a célebre frase:
“Navegar é preciso; viver, não é preciso”.
Séculos mais tarde, Fernando Pessoa, poeta lusitano, imortalizou os
dizeres de Pompeu nos versos de “Navegar é Preciso”. Pessoa foi além de Pompeu,
dizendo que o pensar se sobrepõe à própria vida, que ideias e criações
permanecem após a morte. Então, “Navegar é preciso; viver, não é preciso”.
Meu saudoso pai, arquiteto Armando Farias, viveu por meros quarenta e
sete anos, dos quais eu compartilhei apenas treze, mas navego em sua companhia
até os dias de hoje, e sempre navegarei, porque... “Navegar é preciso; viver,
não é preciso”.
Ser pai, ser filho, é um eterno navegar. Ora em mares tranquilos e sob
céu claro, ora enfrentando tormentas, raios e trovões, mas sempre navegando, assim: juntos e sempre.
Aos amigos que são pais, aos pais dos meus amigos, a todos os pais e
filhos, que encontrem na brisa e no sol um navegar tranquilo e sereno, e que na
volta haja sempre um porto seguro onde atracar, mas atenção: não deixem de
navegar nunca, porque...
Pedro Altino Farias, em 05/08/2013
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