A IGREJA DO
DIABO
Paulo Maria de Aragão (*)
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Invocando
lealdade, para não ser acusado de fingimento, visitou o Senhor, a Quem
participou seu propósito. Instalada a igreja, seus adeptos passaram a cometer
os sete vícios capitais: luxúria, gula, avareza, inveja, ira, soberba, vaidade
e preguiça; elegeu-os como indispensáveis à ventura da existência humana.
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Afinal de
contas, somos seres complexos. Todos sabem que ninguém é inteiramente bom ou
mau – dentro de nós convivem anjos e demônios. Quem nunca, em seus pensamentos
secretos, tencionou provocar o infortúnio ao inimigo, ofendeu o próximo ou
mentiu? Basta lembrar a passagem bíblica em que Jesus, ao desafiar os fariseus,
quando Madalena se achava prestes a ser apedrejada, sentenciou: "Quem
entre vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. De igual forma, as
palavras do Rei Salomão: “Não há um só justo na terra, ninguém que pratique o
bem e nunca peque”.
As deliberações
humanas prendem-se a apetites e aversões – problema teológico, além de
contraditório. Nada é absoluto. A vida, por si própria, não passa de movimento
em que o bem e o mal são exercitados. O conto machadiano emblema a essência do
homem: um ser fraco e imperfeito. Aliás, prescinde-se de maiores incursões
filosóficas para se chegar a tais conclusões.
Graças a Deus, o
mundo não é dominado pelo mau e por paixões mundanas. Há os que vivem de
virtudes, da prática de boas ações, de amor e decência; são os heróis anônimos,
simples e honrados que dizem o porquê da existência dos opostos: o bem e o mal.
Por
Paulo Maria de Aragão
Advogado e professor
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ |
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