NOSSA UTOPIA
Paulo Maria de
Aragão (*)
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A observação não
é de nenhum político ou humanista contemporâneo. O excerto é do romance
filosófico de Thomas More, “A Utopia” (1516), sátira às instituições da época,
ao considerar o roubo na Inglaterra insolúvel, apesar de punível com a pena de
morte.
Tenha-se que
normas draconianas, inconciliáveis com a justiça social, não medram nas
sociedades em que são desrespeitados os direitos humanos e enxovalhados os
princípios éticos pelo poder dirigente. Se fosse assim, não haveria, na China,
corrupção nem abuso de poder, porque os denunciados são submetidos à pena
capital ou à prisão perpétua.
Na república
utópica, a sociedade é perfeita, tão perfeita que ela inexiste. Nela há poucas
leis, e todos se respeitam, não há desigualdade social, o amor e a bondade
predominam, hospitais são acolhedores.
Em contraponto à
Utopia de More, nossa realidade é um pesadelo em que assassinatos se banalizam.
Em apenas 16 anos (1990-2006), 697.668 brasileiros foram vítimas de
carnificina, enquanto os recursos para a segurança e educação, parodiando Cazuza,
são jogados nas “piscinas cheias de ratos”.
Entre nós, os
inéditos protestos de ruas, diante dos desmandos públicos, ganharam mais vida
com as palavras do Papa Francisco dirigidas a milhões de fiéis durante a
apoteótica Jornada Mundial da Juventude, para que não perdessem o ânimo por
causa da corrupção. Com o seu espírito jovial, simpatia e simplicidade, o Sumo
Pontífice foi manifesto ao declarar, afavelmente, não lhe cair no agrado “um
jovem que não protesta”.
Quanta verdade!
Aqui, valores morais só prevalecem no marketing e na propaganda
política; desse modo, as esperanças nas instituições e na superação de crônicos
desafios sociais estão a depender da juventude.
Malgrado a
sensação de descrédito, o futuro do Brasil tende a mudar. As manifestações do
povo, em particular dos jovens, deverão intensificar-se, alentadas pelas
mensagens do carismático pastor Francisco, quando disse que as correntes devem
ser enfrentadas, pois a ilusão da utopia nem sempre é inútil.
Valores imateriais
movem sentimentos espirituais, conduzem o mundo à paz, ao cultivo do amor e da
solidariedade, encontrados nas lições inesgotáveis da sabedoria, jorrantes das
fontes evangélicas.
*Paulo
Maria de Aragão
Advogado e professor Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ |
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