domingo, 3 de fevereiro de 2013



 POR APENAS

Outro dia fui dar entrada num documento  no CREA – Conselho Regional de Engenharia e  Agronomia, cuja sede fica no centro de Fortaleza. Parei o carro na Rua Castro e Silva, quase defronte ao prédio. O atendimento não demorou mais que três minutos, o que me deu cerca de uma hora sem nada a fazer. Então... Resolvi perambular, admirando nossa cidade.
 
Era meio dia, e comecei meu trajeto apreciando o próprio edifício do CREA, anterior e originalmente San Pedro Hotel. Um luxo à época, com apartamentos com vista para nosso verde mar. Depois percorri a Rua Gal. Bezerril. Bucólica, ela conserva paisagens de outros tempos. Bares, lojas de ferragens, de chapéus, de redes, de artigos de couro e aviamentos se misturam numa miscelânea de cores e formas. 

A travessa Crato é um caso à parte. Ali o tempo parece passar mais lento, as pessoas  sorriem umas para as outras, a correria dá espaço à vida...

Percorrendo a rua no sentido praia-sertão passei ao lado do Edifício General Tibúrcio, projeto de arquitetura de meu saudoso pai, o arquiteto Armando Farias. Logo ali em frente a Praça dos Leões, na qual estavam montados estandes padronizados para o comércio de livros didáticos usados em bom estado (troca-troca). Um serviço à comunidade.


Continuando no mesmo sentido, desci à esquerda continuando minha caminhada pela Rua do Rosário. Dei uma rápida olhada no interior da igreja do mesmo nome e no Palácio da Luz (Rua Rosário Nº1), onde funciona a Academia Cearense de Letras. Fundada em 1894, nossa academia precedeu à própria Academia Brasileira de Letras - ABL. Quantos sabem disso?



Continuando pela Rosário, passei em frente ao prédio do antigo Flórida Bar (Rua do Rosário, 38), onde hoje funciona uma loja de consórcios da Caixa... Saudades!! 
Depois me deparei com uma casa de consertos de máquinas de escrever e telex – imaginem! Na mesma rua, uma mercearia, com cereais expostos em surrões na calçada e um mundo de mantimentos lá dentro, entupindo todos os improváveis três metros de largura do comércio. E a casa estava lotada!


Mais um pouco à frente, na esquina com a praça dos voluntários, dobrei à esquerda na Perboyre e Silva observando suas lojas. Desci até à Sena Madureira, entrei na Melvin Jones (nunca mais havia andado por ali) com suas lojas de rações e equipamentos antigos. Cheguei até o Bar e Restaurante Ipueiras, onde bebi água gelada e bem-vinda. 


Olhando para o alto, roupas e toalhas penduradas nas janelas anunciando: “Aqui há vida!”.


Fiz o percurso de volta à Praça dos Voluntários, agora admirando-a. Surpreendeu-me seu florido jardim, coisa difícil de encontrar em Fortaleza. 


Continuei pela tortuosa Perboyre e Silva, passando pelo edifício sede da gloriosa Associação Cearense de Imprensa - ACI, na esquina com Floriano Peixoto, erguido com muita luta pelo mesmo Perboyre, que empresta o nome ao logradouro.

Obviamente fui merendar pastel de carne (a azeitona do pastel tem caroço) com caldo de cana na tradicional Leão do sul.


Ao sair da mercearia, a Praça do Ferreira, saudosista e contemporânea ao mesmo tempo, estava aos meus pés com sua coluna da hora e seus jardins. À minha esquerda, a Farmácia Oswaldo Cruz, com sua fachada, mobiliário e muitas lembranças doutros tempos. E pensar que ameaçaram fechá-la há pouco tempo... Vizinho, a tradicional MILANO, loja de roupas masculinas.

Ainda à esquerda, o Edifício Lobrás, também projeto de meu pai.  Na sequencia, o Edifício do Cine São Luiz e o do Excelsior Hotel.





No fundo, por trás da onipresente Coluna da Hora, avistei o edifício do Hotel Savanah, onde homens de negócios se hospedavam com requinte, e o prédio da Sul América. À direita, a Caixa Econômica. Continuando pela Floriano Peixoto, passei pelo Museu do Ceará e o Palácio do Comércio, que passou por recente restauro completo. 




Entrei no hall do edifício onde funcionou a Livraria Arlindo, da qual ainda conserva os antigos armários e prateleiras de madeira. A porta de acesso às escadas é do tipo pantográfica, e há um vazio no centro do hall até o último andar, com corredores ao seu redor. Além de tudo isso, um cheiro de nostalgia no ar.

Saindo, ainda passei pelo prédio dos Correios, já olhando os ponteiros do relógio, que pareciam avançar mais rapidamente que minutos atrás. Fim de percurso, fim de passeio.

Depois que apanhei o carro num tenebroso edifício-garagem, passei em frente à Sé, ao Paço do Bispo, à Fortaleza da 10ª Região Militar, ao Passeio Público, Santa Casa, Emcetur e Estação Ferroviária, mas esse vai ser outro passeio...

... E tudo isso por apenas R$ 10,70 e uma hora de meu tempo vadio, com direito a estacionamento, caldo de cana e pastel.


Pedro Altino Farias, em 24/01/2013

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