quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CRÔNICA


POESIA BÉLICA DE PENEDO
Por Reginaldo Vasconcelos

Em maio do ano 2000, este cronista participou da 4ª Operação Saudade – pequeno estágio militar promovido pelo 23º Batalhão de Caçadores (23 BC) nas matas de Penedo, no município de Maranguape, reunindo oficiais da reserva e civis considerados amigos do quartel.


O cronista, entre sósias dos atores americanos
Ernest Borgnine e Dustin Hofman
que participaram da Operação Saudade
Retornando do estágio, o cronista trouxe no caminhão de transporte de tropas um velho tronco morto que encontrou, com que produziu uma escultura, denominada “Poesia Bélica de Penedo”, a qual foi entregue solenemente ao Comando do Batalhão, na pessoa do Coronel Walter Romero Castelo Branco, como um troféu outorgado pelo Jornal Idéia – tabloide de que era editor – pela eficiência com que o curso campal foi ministrado.



Dias depois, o artista recebeu uma ligação telefônica do Oficial de Relações Públicas do quartel, Tenente Sílvio de Paiva Ribeiro, o qual transmitiu indagação que lhe faziam todos quantos deparavam com aquela obra de arte: “O que o autor quisera dizer ao observador quando compôs a estranha peça artística?”.

A resposta veio de empréstimo a uma frase proferida certa vez pelo poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, quando lhe perguntaram a mesma coisa – o que ele quisera dizer com um hermético poema que fizera: “Eu não quis dizer. Eu quis fazer”.  De fato, feita a obra de arte, pode-se então analisar o que ela nos diz a cada um.

Quem tem a experiência estética de defrontar uma obra abstrata – uma pintura, uma escultura, uma instalação – deve procurar em si mesmo que mensagem intelectual ela lhe sugere, que sensações lhe provoca, que emoções ela lhe inspira. Essa é a grande mágica sensorial que ela propõe.



Poesia Bélica de Penedo é composta por uma pequena secção vegetal oca, morta e esquelética, de conformação zoomórfica, lembrando um animal quadrúpede ou um homem rastejante, colorizada de ouro internamente e de bronze na superfície exterior.

A figura é instalada numa base de madeira, e sobre uma configuração do mapa do Brasil, feita por colagem mosaica de pedriscos, em parte prateados, em parte dourados. 

O quarto elemento da composição é um fio de arame farpado que envolve o tronco em espiral, encapado de verde e amarelo (uma amostragem promocional produzida pela fábrica em referência aos 500 anos que o Brasil comemorava).

Passados 13 anos, o autor resgatou a obra para pequenas intervenções conservadoras,  devolvendo-a em seguida. Ela se manterá exposta na sala dos Amigos do 23 BC, nas dependências do quartel. 

Os elementos da composição têm clara conotação semiológica alusiva à pátria telúrica e ao rigor dos exercícios militares, mantendo a força estética, com forte sugestão cinética, pois faz supor vida e movimento, adquirindo abrangência cósmica e erótica, em suas dobras de aspecto lúbrico e galáctico ao mesmo tempo. Senão vejamos, nos ângulos obtidos neste ensaio fotográfico:








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