POESIA BÉLICA DE PENEDO
Por Reginaldo Vasconcelos
Por Reginaldo Vasconcelos
Em maio do ano 2000, este cronista participou da 4ª Operação Saudade – pequeno estágio militar promovido pelo 23º Batalhão de Caçadores (23 BC) nas matas de Penedo, no município de Maranguape, reunindo oficiais da reserva e civis considerados amigos do quartel.
O cronista, entre sósias dos atores americanos Ernest Borgnine e Dustin Hofman que participaram da Operação Saudade |
Retornando do estágio, o cronista trouxe no
caminhão de transporte de tropas um velho tronco morto que encontrou, com que
produziu uma escultura, denominada “Poesia Bélica de Penedo”, a qual foi
entregue solenemente ao Comando do Batalhão, na pessoa do Coronel Walter Romero Castelo Branco, como um troféu outorgado pelo Jornal Idéia – tabloide de que era editor – pela eficiência com que o curso campal foi ministrado.
Dias depois, o artista
recebeu uma ligação telefônica do Oficial de Relações Públicas do quartel,
Tenente Sílvio de Paiva Ribeiro, o qual transmitiu indagação que lhe faziam todos
quantos deparavam com aquela obra de arte: “O que o autor quisera dizer ao
observador quando compôs a estranha peça artística?”.
A resposta veio de
empréstimo a uma frase proferida certa vez pelo poeta pernambucano João Cabral
de Melo Neto, quando lhe perguntaram a mesma coisa – o que ele quisera dizer com
um hermético poema que fizera: “Eu não quis dizer. Eu quis fazer”. De fato, feita a obra de arte, pode-se então analisar o
que ela nos diz a cada um.
Quem tem a experiência
estética de defrontar uma obra abstrata – uma pintura, uma escultura, uma
instalação – deve procurar em si mesmo que mensagem intelectual ela lhe sugere,
que sensações lhe provoca, que emoções ela lhe inspira. Essa é a grande mágica
sensorial que ela propõe.
Poesia Bélica de
Penedo é composta por uma pequena secção vegetal oca, morta e esquelética, de
conformação zoomórfica, lembrando um animal quadrúpede ou um homem rastejante,
colorizada de ouro internamente e de bronze na superfície exterior.
A figura é instalada
numa base de madeira, e sobre uma configuração do mapa do Brasil, feita por
colagem mosaica de pedriscos, em parte prateados, em parte dourados.
O quarto elemento da composição é um fio de arame farpado que envolve o tronco em espiral, encapado de verde e amarelo (uma amostragem promocional produzida pela fábrica em referência aos 500 anos que o Brasil comemorava).
O quarto elemento da composição é um fio de arame farpado que envolve o tronco em espiral, encapado de verde e amarelo (uma amostragem promocional produzida pela fábrica em referência aos 500 anos que o Brasil comemorava).
Passados 13 anos, o autor resgatou a obra para pequenas intervenções conservadoras, devolvendo-a em seguida. Ela se manterá exposta na sala dos Amigos do 23 BC, nas dependências do quartel.
Os
elementos da composição têm clara conotação semiológica alusiva à pátria
telúrica e ao rigor dos exercícios militares, mantendo a força estética, com
forte sugestão cinética, pois faz supor vida e movimento, adquirindo
abrangência cósmica e erótica, em suas dobras de aspecto lúbrico e galáctico ao
mesmo tempo. Senão vejamos, nos ângulos obtidos neste ensaio fotográfico:
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