quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CINZAS


Findo o carnaval deste 2013, resta uma sensação de que novamente tudo está mudando no reino de Momo em Fortaleza.

A cidade já teve grandes festas à fantasia em seus muitos clubes sociais, os ditos “elegantes” e os mais populares, que se situavam nos subúrbios, frequentados por casais e por “blocos” com a mesma indumentária, tudo com muito confete, com muita serpentina, nas décadas de 50 e 60 com lança-perfume.   

Fortaleza teve ainda o inesquecível corso, inicialmente na Av. Duque de Caxias, depois na Av. D. Manuel, em que as famílias e outros grupos da sociedade desfilavam em carreata – as prostitutas, os halterofilistas, funcionários de empresas, em automóveis e sobre caminhões – todos fantasiados e eufóricos.

O corso evoluiu, nas suas últimas edições, para o chamado “mela-mela”, com o uso de água, talco e farinhas diversas lançadas entre os foliões, até que o poder público local o proibiu, interditando o tráfego na avenida, prevenindo que aquilo degenerasse em anarquia.

Depois se viveu longamente o êxodo dos fortalezenses para as praias, fazendas e sítios serranos, ficando a cidade praticamente vazia durante os carnavais. Surgiram então os pré-carnavais, nos fins de semana precedentes, mantendo-se o hábito de viajar em retiro entre o domingo e a terça, ou para brincar o carnaval nas cidades menores do Estado.  


Tudo indica que essa tendência está mudando, com uma maior permanência de moradores na cidade durante o tríduo momesco – seja pelo desconforto das viagens ou dos destinos já muito apinhados de gente, seja pela melhoria da qualidade do carnaval em Fortaleza.


Para os moradores da grande Aldeota o melhor carnaval é o que é promovido pelo acelejano Dilson Pinheiro, que comanda o bloco Nun Ispaia Sinão Ienche, no Largo da Mocinha, por trás do hotel Praia Centro, nos altos do Bairro Praia de Iracema. A frequência maciça de uma cidadania refinada – famílias inteiras, pessoas maduras, políticos locais, operadores do Direito, jornalistas destacados – parece desestimular e inibir a participação de baderneiros, embora o espaço seja público.


Tamanha é a civilidade que se observa naquele ambiente que quando o vento forte faz voar um chapéu de fantasia ou colar havaiano de alguém, carregando o adereço para um ponto distante da rua repleta de brincantes, o folião que o apanha o passa para alguém a contravento, e a multidão o vai repassando por sobre a turba, até que o objeto chegue à mão do proprietário original. Impressionante! 

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