Findo o carnaval deste
2013, resta uma sensação de que novamente tudo está mudando no reino de Momo em
Fortaleza.
A cidade já teve grandes
festas à fantasia em seus muitos clubes sociais, os ditos “elegantes” e os mais
populares, que se situavam nos subúrbios, frequentados por casais e por “blocos”
com a mesma indumentária, tudo com muito confete, com muita serpentina, nas décadas de 50 e 60 com lança-perfume.
Fortaleza teve ainda o
inesquecível corso, inicialmente na Av. Duque de Caxias, depois na Av. D. Manuel, em que as famílias e outros grupos da
sociedade desfilavam em carreata – as prostitutas, os halterofilistas, funcionários
de empresas, em automóveis e sobre caminhões – todos fantasiados e eufóricos.
O corso evoluiu, nas
suas últimas edições, para o chamado “mela-mela”, com o uso de água, talco e
farinhas diversas lançadas entre os foliões, até que o poder público local o proibiu,
interditando o tráfego na avenida, prevenindo que aquilo degenerasse em
anarquia.
Depois se viveu longamente
o êxodo dos fortalezenses para as praias, fazendas e sítios serranos, ficando a
cidade praticamente vazia durante os carnavais. Surgiram então os
pré-carnavais, nos fins de semana precedentes, mantendo-se o hábito de viajar
em retiro entre o domingo e a terça, ou para brincar o carnaval nas cidades
menores do Estado.
Tudo indica que essa
tendência está mudando, com uma maior permanência de moradores na cidade durante
o tríduo momesco – seja pelo desconforto das viagens ou dos destinos já muito
apinhados de gente, seja pela melhoria da qualidade do carnaval em Fortaleza.
Para os moradores da
grande Aldeota o melhor carnaval é o que é promovido pelo acelejano Dilson
Pinheiro, que comanda o bloco Nun Ispaia Sinão Ienche, no Largo da Mocinha, por
trás do hotel Praia Centro, nos altos do Bairro Praia de Iracema. A frequência maciça
de uma cidadania refinada – famílias inteiras, pessoas maduras, políticos
locais, operadores do Direito, jornalistas destacados – parece desestimular e
inibir a participação de baderneiros, embora o espaço seja público.
Tamanha é a civilidade
que se observa naquele ambiente que quando o vento forte faz voar um chapéu de
fantasia ou colar havaiano de alguém, carregando o adereço para um ponto
distante da rua repleta de brincantes, o folião que o apanha o passa para alguém
a contravento, e a multidão o vai repassando por sobre a turba, até que o
objeto chegue à mão do proprietário original. Impressionante!
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