domingo, 3 de fevereiro de 2013

CRÔNICA


TUDO ORGANIZADO

Eu não conheço pessoalmente o senador Renan Calheiros – e não me ressinto muito disso. Também não o conheço intelectualmente  e nem me abalarei para corrigir este defeito. Mas, vejo tevê e leio revistas, de modo que posso fazer um bom perfil de quem seja o referido alagoano.

Ficou conhecido pela sua amizade política com o então presidente Fernando Collor, a quem virou as costas quando este caiu em desgraça, e com quem voltou a se aliar, anos depois, quando se tornou conveniente de novo – aliança questionada da tribuna do Senado por Pedro Simon, e vigorosamente defendida pelo próprio ex-presidente.

Do mesmo modo, ninguém precisa conhecer o Bob Esponja, nem estudar a sua biografia, para sabê-lo um bobalhão, bastando assistir ao seu desenho animado na telinha. Mas é compreensível que polvos e lulas, tanto do desenho quando da política, queiram ter um bobalhão como sábio e elegê-lo como líder.

Imagino que Renan Calheiros seja honesto – até porque a lei não retroage para alcançá-lo e ele ainda não sofreu condenação por órgão judicial colegiado. Portanto, tecnicamente é “ficha-limpa”. Todavia, tenho que admitir que ele não parece sê-lo, razão pela qual eu não votaria nele para fiscal de quarteirão, quanto mais para senador da República, tanto menos para Presidente do Senado.

Malgrado, ele foi eleito para este cargo por maioria de votos, porque no Brasil caiu o véu e todos já sabemos que a mulher de César é mesmo devassa, e nem precisa disfarçar – com o perdão das prostitutas, essas moças adoráveis e honestas que prestaram um inestimável serviço à sociedade.

Na política tupiniquim tudo é muito organizado, tudo feito de forma pseudo-democrática e com aparência republicana. Com ajuda financeira de quem precisa dos favores do governo para contratar com as verbas públicas, uma malta de cretinos promove propaganda maciça e distribui prebendas para obter votações imensas.

Votam neles em massa os ingênuos e os miseráveis nacionais, que são a grande maioria do povo. Uma vez eleitos, eles governam o País no interesse de seu grupo, reservando sempre alguma verba e algum prestígio para manter o processo vicioso. Tudo muito bem organizado.

Aliás, no filme Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues, morre afogado o negro gigante que era a principal atração do circo, e a trupe resolve prostituir suas mulheres para reunir algum capital.

O mágico Lorde Cigano, encarnado por José Wilker, reúne então o grupo de artistas circenses para orientar o novo negócio, e tem uma fala magistral que ilustra perfeitamente o mundo político brasileiro: “Nas coisas sérias tudo se improvisa, porém sacanagem tem que ser bem organizada”.

Mas nem tudo está perdido, como dizia o caçador da fábula à menina de chapeuzinho vermelho. No mundo real temos hoje um Zorro sem máscara, a grande atração no circo político atual, pronto para desbaratar esquemas, disposto a riscar o “J” inicial do seu nome no peito dessa corja organizada. E para ela a chapa ainda vai esquentar muito.

Por Reginaldo Vasconcelos

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