Meses atrás notei que duas ou três placas de granito rosa haviam sido arrancadas e sumido do frontispício do prédio do velho Cine São Luiz, na Praça do Ferreira, centro de Fortaleza, fechado há alguns anos, peça importante do acervo arquitetônico da cidade.
Incomodado com essa constatação, e imaginando que isso fosse obra de vândalos ou dos chamados “garrafeiros” que perambulam pelas ruas da cidade, os quais saqueiam prédios abandonados, telefonei para o acadêmico Hermann Hesse, então chefe de jornalismo da TV Verdes Mares, pedindo que ele pautasse uma reportagem sobre o problema.
A idéia era alertar as autoridades para a depredação do prédio histórico, até porque dificilmente se poderá encontrar um granito da mesma coloração para substituir o original, extraído, laminado e instalado há mais de 50 anos.
A reportagem foi ao ar, sem nenhuma repercussão aparente, todavia notei que pelo menos a ferida da fachada do prédio não foi ampliada, pois desde então não foram retiradas outras placas de granito.
Contudo aconteceu que, passando casualmente pela praça, abordei um homem que saía do desativado espaço do cinema, que enfim me revelou o mistério do sumiço das placas, prestando outros esclarecimentos sobre o prédio.
Ele era o vigia do velho cinema fechado, empregado da empresa Severiano Ribeiro, dona do imóvel, que, segundo ele, após um contrato de usufruto firmado com o chamado Sistema S (não sei se oneroso), não teria obtido êxito nas tratativas para venda do prédio a órgão do Poder Público cearense, que não tinha concordado com o preço pretendido.
Ainda segundo ele, as três placas de granito não foram roubadas, nem arrancadas por vândalos, mas despregaram da parede e se quebraram por efeito da reverberação de caixas de som potentíssimas que nelas foram encostadas, por ocasião de um evento promovido naquela Praça do Ferreira.
Agora o Secretário de Cultura do Estado, o Prof. Francisco Pinheiro, anuncia em primeira mão em entrevista à FGF TV que o prédio do Cine São Luiz foi finalmente adquirido pelo Governo do Ceará, e que ali funcionará mais um espaço cultural à disposição do povo cearense. Essa notícia é por demais alvissareira, e merece todos os louvores desta Academia Cearense de Literatura e Jornalismo. Reginaldo Vasconcelos
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