domingo, 9 de outubro de 2011

ACADÊMICO PREPARA NOVO LIVRO

Adriano Vasconcelos e sua mulher,
Suyanne Saboia

Adriano Vasconcelos, ocupante da Cadeira de nº 18 da ACLJ, está iniciando uma pesquisa biográfica sobre uma figura histórica que nasceu no Ceará e que teve vida pública no interior de Pernambuco. Concluída a coleta de dados, que vai se estender por diversas cidades dos dois referidos Estados, o acadêmico vai publicar um livro sobre o objeto pesquisado - a vida do Monsenhor Affonso Anthero Pequeno, que foi também seu tio-avô.
Monsenho Affonso, sentado, à esquerda, usando batina
Adriano descobriu que esse personagem passou ao largo da história, mesmo tendo participação decisiva em episódios de grande repercussão na sociedade nordestina, na primeira metade do Século XX, tendo inclusive precipitado a promoção do cangaceiro Virgulino Ferreira a chefe de bando, o que ocasionou o fenômeno Lampião, que encerrou o ciclo do banditismo sertanejo nordestino. Esse ciclo teve termo logo após a morte do comparsa e vingador de Lampião, Corisco, o Diabo Louro, em 1940.

Segundo estudos preliminares, Monsenhor Affonso, então prefeito de Serra Talhada, cidade pernambucana, reuniu um bando de jagunços e armou uma cruzada para defender do bando do cangaceiro Sinhô Pereira os domínios de seu primo, o rico fazendeiro do Crato Cel. Antônio Luiz Alves Pequeno, padrinho de crisma do menino Cícero Romão Batista, o futuro “Padim Ciço”, de quem o coronel foi protetor, e de quem financiou os estudos eclesiásticos no Seminário da Prainha, em Fortaleza.

O jovem Virgulino Ferreira pertencia então ao bando de Sinhô Pereira, a quem substituiu na chefia do grupo, quando este abandonou o cangaço e fugiu para Goiás, após perder a luta para as tropas do Monsenhor Affonso Pequeno. A partir de então Virgulino se tornaria o mais famoso bandoleiro do país, sob a alcunha de Lampião, agnominado “O Rei do Cangaço”. O trabalho de Adriano Vasconcelos contará com o apoio e a parceria do engenheiro Rômulo Pordeus, outro apaixonado pelo tema.


Monsenhor Affonso era ainda um poeta inspirado, e é um dos patronos da ACLJ. Abaixo, um poema de sua lavra, datado do mesmo ano em que foi fundada a Academia Cearense de Letras.


 ORAÇÃO
                                    

            Quando á borda eu chegar d’eternidade
            Á meta dos caminhos desta vida
E minh’alama tremente, espavorida
D’alem tumba apalpar a realidade;

E quando s’apagarem da vaidade
As loucas illusões e do homicida
Anjo das trevas a alma combatida
Nas dores s’estorcer d’enfermidade.

Quando nos estertores d’agonia
Sem falla os lábios, o olhar sem luz
Chegar á bocca sequiosa e fria

Por vez final a Redemptora Cruz,
Ai!  Mãe do céo, ampara-me, Maria,
Toma minh’alma, dá a teu Jesus.


         AFFONSO PEQUENO
       Maio de 1894     

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