FRANCISCO!
Totonho
Laprovitera*
“Estou
de férias! A quem interessar possa...” (Chico Pio)
Na década de 70, das mesinhas da Beira Mar, pelas brisas do Mucuripe, eu ouvia falar de um artista vezeiro do saudoso Bar do Anísio. Já, em 1980, no coletivo show de vigília da finada TV Ceará Canal 2, no Theatro José de Alencar, escutei um grito, seguido de assobios, pedindo por ele: “Chico Pio!”
Pois bem. Meados dos anos 1990, em um encontro
com Raimundo Fagner, reunindo artistas e amigos, eu, Naná Vasconcelos e Chico
Pio saímos rapidamente para comprar cigarros. Não demorou muito para Naná
sugerir a mim e ao Chico a compormos uma canção, na arte de unir letra e música.
Assim nasceu a minha parceria musical com o inoxidável Francisco Pio Napoleão.
Sendo dois Franciscos, um Pio e outro Antonio,
tacamos a compor foi muito. Daí surgiram as canções “Beira do Mundo”, “Solitudine”,
“Forró da Minha Serra”, “Balanço da Rede”, “Fogo do Repente”, “Mil Infinitos”,
“Couro do Espinhaço”, e tantas outras.
Do virtuoso compositor Chico Pio, parnaibano
de nascença, eu o descrevo como sendo para sempre a sua própria arte. A levada
do violão e o seu vozeirão permanecerão a manar suas belas canções, sempre a
encantar a gente. E, brilhante, Chico continuará altivo em canções, qual
eterna estrela a nos espiar do céu. Assim, simples e certeira, a sua arte seguirá
a nos despertar bons sentimentos!
Respeitado como um dos maiores artistas do
Ceará, colecionou mais de uma centena de parceiros de expressão na música
popular brasileira. Ao longo de sua carreira, participou e conquistou vários
festivais. Além de sete álbuns lançados – “Chico Pio”, 1995; “Marca Carmim”,
1997 (em parceria com Luciano Cléver); “Beira do Mundo”, 1999; “Chico Pio –
Coletânea”, 2011; “Chico Pio e Caio Napoleão”, 2013;
“Bonito pra Chover”, 2017; e “Chico Pio – Coletânea”, 2017 – tem músicas
gravadas por Ângela Linhares, Lúcio Ricardo,
Paulo Rossglow e Zé Ramalho. Fez parte dos discos “Massafeira Livre”, 1980;
“Liberado”, de Alano Freitas e Francis Vale, 1988; e “Memória das Águas”, de Luciano
Maia (2003).
Em 1975, morando no Rio de Janeiro, esteve em
cartaz no Teatro Casa Grande, com Raimundo Fagner, Ivan Lins, Lucinha Lins, Milton
Nascimento, Caetano Veloso, Maurício Tapajós, Sérgio Ricardo e Carmem Costa.
No mesmo ano também chamou atenção em São Paulo e Belo Horizonte, ao lado de
Clôdo, Climério, Clésio, Sirlan, Stélio Valle,
Wilson Cirino, Vicente Lopes e Jorge Mello.
Pois é, existem artistas que esperam um dia acontecer.
Chico Pio acontecia todos os dias. Inoxidável amigo, você já está fazendo falta
e é muita.
Francisco!
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