terça-feira, 4 de julho de 2023

CRÔNICA - Francisco! (TL)

 FRANCISCO!
Totonho Laprovitera*

 

“Estou de férias! A quem interessar possa...” (Chico Pio)



Na década de 70, das mesinhas da Beira Mar, pelas brisas do Mucuripe, eu ouvia falar de um artista vezeiro do saudoso Bar do Anísio. Já, em 1980, no coletivo show de vigília da finada TV Ceará Canal 2, no Theatro José de Alencar, escutei um grito, seguido de assobios, pedindo por ele: “Chico Pio!”

 

Pois bem. Meados dos anos 1990, em um encontro com Raimundo Fagner, reunindo artistas e amigos, eu, Naná Vasconcelos e Chico Pio saímos rapidamente para comprar cigarros. Não demorou muito para Naná sugerir a mim e ao Chico a compormos uma canção, na arte de unir letra e música. Assim nasceu a minha parceria musical com o inoxidável Francisco Pio Napoleão.

 

Sendo dois Franciscos, um Pio e outro Antonio, tacamos a compor foi muito. Daí surgiram as canções “Beira do Mundo”, “Solitudine”, “Forró da Minha Serra”, “Balanço da Rede”, “Fogo do Repente”, “Mil Infinitos”, “Couro do Espinhaço”, e tantas outras.

 

Do virtuoso compositor Chico Pio, parnaibano de nascença, eu o descrevo como sendo para sempre a sua própria arte. A levada do violão e o seu vozeirão permanecerão a manar suas belas canções, sempre a encantar a gente. E, brilhante, Chico continuará altivo em canções, qual eterna estrela a nos espiar do céu. Assim, simples e certeira, a sua arte seguirá a nos despertar bons sentimentos!

 

Respeitado como um dos maiores artistas do Ceará, colecionou mais de uma centena de parceiros de expressão na música popular brasileira. Ao longo de sua carreira, participou e conquistou vários festivais. Além de sete álbuns lançados – “Chico Pio”, 1995; “Marca Carmim”, 1997 (em parceria com Luciano Cléver); “Beira do Mundo”, 1999; “Chico Pio – Coletânea”, 2011; “Chico Pio e Caio Napoleão, 2013; “Bonito pra Chover”, 2017; e “Chico Pio – Coletânea”, 2017 – tem músicas gravadas por Ângela  Linhares,  Lúcio  Ricardo,  Paulo  Rossglow  e  Zé Ramalho. Fez parte dos discos “Massafeira Livre”, 1980; “Liberado”, de Alano Freitas e Francis Vale, 1988; e “Memória das Águas”, de Luciano Maia (2003).

 

Em 1975, morando no Rio de Janeiro, esteve em cartaz no Teatro Casa Grande, com Raimundo Fagner, Ivan Lins, Lucinha Lins, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Maurício Tapajós, Sérgio Ricardo e Carmem Costa. No mesmo ano também chamou atenção em São Paulo e Belo Horizonte, ao lado de Clôdo, Climério, Clésio, Sirlan, Stélio Valle, Wilson Cirino, Vicente Lopes e Jorge Mello.

 

Pois é, existem artistas que esperam um dia acontecer. Chico Pio acontecia todos os dias. Inoxidável amigo, você já está fazendo falta e é muita.

 

Francisco!


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