domingo, 6 de setembro de 2015

ARTIGO - O "Fora Dilma" e o Dey After (RV)

O “FORA DILMA”
 E O DAY AFTER
Reginaldo Vasconcelos*

A esta altura ninguém desconhece, de sã consciência, que o Governo Dilma, seguindo os de Lula da Silva, teve o efeito de um míssil atômico sobre a economia Brasileira. 

Há uns poucos que veem, mas não querem ver, como as vítimas de um acidente grave, que em estado de choque negam os fatos, desmentem as feridas, minimizam a evidência da desgraça.

Mas alguns dos que sabem da tragédia e lhe reconhecem a autoria ainda murmuram um “fica Dilma”, meio tímido e desesperado, com medo de que após a hecatombe não haja vida inteligente na política brasileira. “Ruim com ela, pior sem ela”  lhes ocorre pensar.

De fato, não há no horizonte oposicionista nenhum grande líder de plantão, além de um Aécio Neves, político “pão de queijo” como o avô, vazio como as Minas, embora simpático como as Gerais, e de um empertigado Michel Temer, misterioso e insondável como um mordomo do cinema.

Há ainda uma sonhadora e desidratada Marina Silva, dois ou três milionários exploradores do Evangelho, uns outros da “bancado do boi e da soja” – e uma meia dúzia de ambiciosos fichas-sujas – correndo por fora o quixotesco, mas objetivo, Bolsonaro.

Foto: Wilton Júnior
Claro que não tem sentido pretender manter a Dilma no cargo, como um zumbi, por medo de que o vácuo no poder possa atrair as varejeiras – tese desastradamente defendida um dia desses pelo quase sempre lúcido articulista da Veja, Roberto Pompeu de Toledo – o qual diagnostiquei então como acometido da Síndrome de Estocolmo – vítima do sequestro político promovido pelo petismo, que, em transe, torna-se colaborador de seu algoz. 
 
Não. Por maior que seja a dúvida e mesmo o receito sobre quem sucederia Dilma Rousseff no Governo da República, levando-se em conta que ela somente poderá ter o mandato institucionalmente interrompido pela via legal, como ocorreu a Collor de Mello, isso impõe prova de crime de responsabilidade – e no campo criminal não se pode opor à aplicação da pena eventuais consequências sociopolíticas que a condenação provocaria.

Em outras palavras, no Estado Democrático de Direito não pode um criminoso ter o seu julgamento atenuado, ou sua pena comutada  enfim, não pode ser ele beneficiário de circunstâncias indesejadas que possam ser consectárias de sua punição. Que se apure o fato, que se confirme a culpa, que venha a punição rigorosa, e que se suporte o ônus de consertar posteriormente os estragos produzidos.

Ocorrendo o impeachment, assumindo o vice ou, preferivelmente, se realizando novas eleições, o novo Governo terá que tomar medidas austeras de redução da “máquina”, edemaciada e combalida, mas terá autoridade ética para pedir ao povo os agudos sacrifícios da “política de guerra” que a recuperação econômica e moral exigirá, em busca do resgate da credibilidade nacional, em relação à segurança jurídica e à estabilidade político-administrativa no País – e, com toda certeza, a população se submeterá a essas agruras com estoicismo. 

Em suma, precisamos limpar a sujeira que fizemos na Nação nos últimos anos, elegendo, seguidamente, incompetentes e desonestos administradores públicos, os quais conseguiram obter os votos numerosos das massas ingênuas com promessas quiméricas, como fazem os camelôs que vendem produtos mágicos aos simples e incautos que circulam pelo  centro das cidades, fazendo-os acreditar que a poção oferecida por eles pode mesmo transformar miçanga em ouro. Agora que caiu a ficha, todos querem manter a teta federal, que já secou. 

O que os nossos políticos têm feito é explorar teses político-ideológicas visionárias ultrapassadas, que prometem a promoção da igualdade plena, independentemente do mérito de cada um, de modo que os obtusos e preguiçosos se beneficiem do tirocínio e do trabalho dos que criam e que produzem.

Mas não acredito que os que herdem a cadeira presidencial tentem seguir a mesma trilha errática, pois estão atentos e eriçados como feras o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Justiça Federal. E o rebotalho infiltrado nas instituições pelo petismo, para fim de aparelhamento, vai se converter certamente num exército de enérgicos fiscais dos sucessores no Governo.

É necessário que se abram oportunidades para todos, que se busque o pleno emprego, que se disponibilize ensino gratuito e de qualidade, que se preste uma assistência social eficiente aos menos capazes. Que se revigorem os mecanismos da Justiça, especialmente os tribunais de pequenas causas, iniciativa ótima que restou desfigurada. Mas não faz sentido se dar o peixe aos pobres, em vez de lhes fornecer a vara de pescar, pois o “coitadismo” não empresta dignidade aos socorridos, e a pobreza em si não recomenda moralmente.

Não se pode parasitar os que produzem e que prosperam, por meio da discriminação imposta pelas tais políticas afirmativas e de impostos extorsivos, em prol de cotistas sociais, que ostentam em seu favor simplesmente  sua condição de gênero ou de raça.

Precisamos, enfim, abandonar esses delírios filosóficos do passado e pensar nas nossas crianças, no país que estamos construindo para elas. Que esse país seja de fato igualitário e justo, sem distinção de qualquer ordem, investindo nos melhores cérebros, premiando os que se esforcem, e atendendo com carinho, mas sem demagogia, os mais limitados e infelizes.


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