quinta-feira, 24 de setembro de 2015

ARTIGO - A Feiticeira Renunciará? (RMR)

A FEITICEIRA RENUNCIARÁ?
Rui Martinho Rodrigues*


A ortodoxia econômica foi satanizada. A austeridade levaria a queda de receitas, originando um ciclo vicioso ladeira abaixo. Keynes e Kalecki foram invocados. Confundimos gastança, que gera desequilíbrio, com alavancagem da economia pelo uso racional do crédito. Repudiamos investimentos privados, sejam nacionais ou estrangeiros. Propomos consumo sem renda; aumento real de renda sem aumento de produtividade; e investimento sem poupança; enquanto amaldiçoamos investidores e mutuantes.

Sonhamos com uma república na qual todos sejam movidos por virtudes cívicas. Santarrões que somos, entusiasmamo-nos com uma sociedade baseada no altruísmo. Platão arrependeu-se de haver pensado assim em A República, chegando a escrever outro livro, “As leis”, no qual começa fazendo autocrítica, dizendo que aquele do seu livro anterior era um modelo político para anjos, não para homens.

As nossas instituições de ensino divulgam a obra que o grande filósofo repudiou e sepultam a outra, que é lucidez pura. É mais atraente fracassar com delícias irrealizáveis do que cultivar êxitos por caminhos ásperos. Aristóteles também desacreditava da República. Alegava a que esta depositava suas esperanças na ação desinteressada dos homens. Preferia a monarquia, por ser mais efetiva convidando-nos a colaborar com o interesse social a troco de honraria.

A intelligentsia, intelectuais que se reúnem para cultivar ilusões, satanizou a austeridade. Foi o que Raymond Aron chamou de “ópio dos intelectuais”. Houve também interesse em participar do festim dionisíaco. Os que elaboraram o feitiço do almoço sem conta chegaram ao poder. Fizeram a gastança. Era a “nova matriz econômica”. Mas a conta chegou. O feitiço virou contra o feiticeiro. Quem prometeu facilidades agora cobra sacrifícios. Invocou a deusa que os gregos chamavam de Bem Aventurança. O espírito invocado baixou e está surrando os feiticeiros, resta-lhes a renúncia à condição de vidraça, voltando a ser estilingue.

A feiticeira renunciará?


Joinvile, 20 de setembro de 2015.




COMENTÁRIO

Isto, mestre Rui, que no seu périplo catarinense não esquece nosso "blog". Ele é uma das coisas mais sérias e interessantes e apropriadas e ecléticas que já vi na minha vida – literata e jornalística e tudo o que é bom em matéria de informação e opinião – tudo deseixado da bobice e da "artistagem", próprias dos deserdados.

Tive alento, emulação, desde que comecei a ler e escrever para este jornal, com o qual vibro diuturnamente. É a prima coisa que acesso. É nosso O PÃO, mas com manteiga "Lírio", daquelas das vaquinhas da lata, de quando eu era menino nos '50. Não há exceção na beleza, atualidade, verdade e plasticidade de suas colaborações.

Sou um entusiasta deste "blog", que basta seguir nesse ritmo para ser bem recepcionado. Não, não precisa mudar... São verdades ditas sem paixão, com responsabilidade, graça, jeito, inteligência, preparo e muito bom Português.

Dr. Rui, sou seu fã, sabe disso. E sou aficcionado da leitura dos demais colaboradores, admirador número um de todos eles, sem restrição, até por que a editoria poda os excessos e limita os transportes, aplicando a isenção, tudo de acordo com o colaborador.

É um nosso orgulho, do muito que cultivamos.
Paraíso para seus editores!

Grande abraço.

Vianney Mesquita.

Um comentário:

  1. Isto, mestre Rui, que no seu périplo catarinense não esquece nosso "blog". Ele é uma das coisas mais sérias e interessantes e apropriadas e ecléticas que já vi na minha vida - literata e jornalistica e tudo o que é bom em matéria de informação e opinião - tudo deseixado da bobice e da "artistagem", próprias dos deserdados.
    Tive alento, emulação, desde que comecei a ler e escrever para este jornal, com o qual vibro diuturnamente. É a prima coisa que acesso. É nosso O PÃO, mas com manteiga "Lírio", daquelas das vaquinhas da lata, de quando eu era menino nos '50. Não há exceção na beleza, atualidade, verdade e plasticidade de suas colaborações. Sou um entusiasta deste "blog", que basta seguir nesse ritmo para ser bem recepcionado. Não, não precisa mudar ... São verdades ditas sem paixão, com responsabilidade, graça, jeito, inteligência, preparo e muito bom Português.
    Dr. Rui, sou seu fã, sabe disso. E sou aficcionado da leitura dos demais colaboradores, admirador número um de todos eles, sem restrição, até por que a editoria poda os excessos e limita os transportes, aplicando a isenção, tudo de acordo com o colaborador.
    É um nosso orgulho, do muito que cultivamos.
    Paraíso para seus editores !

    Grande abraço.

    Vianney Mesquita.

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