DISCURSO DE WILSON IBIAPINA EM SUA
POSSE
A filha e a neta de Wilson lhe vestem a pelerine |
"Meus amigos, obrigado
por atenderem nosso convite. Meus colegas acadêmicos, passo a desfrutar da
honra de sentar-me entre vós. Quero expressar a gratidão pela generosa
acolhida. Muito grato aos que me elegeram.
Senhoras e senhores,
muito me orgulha ocupar a cadeira 39, que tem como patrono meu querido e
saudoso amigo Tarcísio Tavares, e que tinha como titular o professor José Alves
Fernandes. Tarcísio foi homem de rádio, publicidade, teatro e televisão, Muito
criativo. Nos anos 60, a programação das emissoras de rádio era escrita. Só os
bons podiam improvisar. Tarcísio improvisava.
A jornalista e escritora
Edilma Neiva,
mulher de Ibiapina
|
Na sua luta para mudar
costumes, liberar mentes numa Fortaleza ainda provinciana, Tarcísio lançava
slogans tipo “Virgindade dá câncer”; “O biquíni é necessário” dizia ao
microfone, incentivando a garotada a trocar o maiô inteiro pelo o de duas
peças. Edilmar Norões lembra de um Tarcísio apaixonado, fazendo frases
para uma linda moça: “ela tem a cor do primeiro minuto da aurora”.
Fala do Ministro Ubiratan Aguiar |
Foi o TT que colocou
as festas dos clubes dos subúrbios na ordem do dia. Falava com tanto charme
dessas reuniões que atraiu os jovens da sociedade. Muitos trocavam as
festas do Ideal, Maguari, Náutico pelas noitadas suburbanas. Foi o
jornalista Pádua Lopes quem me chamou a atenção. Tarcísio não precisava beber
para estimular suas ações e garantir noites alegres. Pádua acredita que ele era
movido a emoções."
Wilson Ibiapina descerra o retrato pintado a óleo sobre tela, do Patrono Tarcísio Tavares |
O teatrólogo B de
Paiva, que foi menino com ele na rua Barão de Aratanha, escreveu: “TT foi
uma das pessoas mais significativas da geração dos anos 40/50 do século
passado. Muito lutou, sofreu de saúde atrapalhada, mas riscou com a vida e os
sonhos do tempo um caminho digno e responsável como profissional e como ser.”
A cadeira 39 era
ocupada pelo filólogo José Alves Fernandes, também membro da Academia
Cearense de Letras e autor do Dicionário de formas e construções opcionais da
língua portuguesa. Não o conheci pessoalmente, só através de sua obra e
de depoimentos de amigos que conviveram com ele.
Mesa de honra do evento Edilma Neida, Rui Martinho e Wilson Ibiapina |
Vou substituir o Mestre com muito orgulho. Sem o saber e o
conhecimento que ele detinha, mas com a audácia que move os jornalistas.
A Academia é de Literatura e Jornalismo. Ele literato eu jornalista. Como
lembrou o político pernambucano Marco Maciel no dia de sua posse na Academia
Brasileira de Letras, “em todas as academias não se estabelece vinculação entre
patrono, antecessor e sucessor por gênero literário ou profissão. A sucessão é
ideográfica. Todos nós somos confrades a trabalhar para uma obra comum”.
A responsabilidade é igual, é de todos.
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