O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a
sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais
Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, na edição desta terça-feira,
dia 09 de novembro, abordaram temas mais atuais do noticiário cearense e
mundial, e entrevistaram a psicopedagoga Magui Guimarães, sobre o evento
promovido entre os dias 09 e 11 deste mês de novembro, no novo Centro de
Eventos de Fortaleza, a 5ª Conferência de Felicidade Interna Bruta, um novo
conceito com a sigla FIB, em oposição ao PIB, o Produto Interno Bruto, que é o
grande parâmetro de crescimento econômico dos países, ainda tido como o índice
supremo de bem-estar da sociedade.
PINGA-FOGO
Os comentaristas iniciaram o programa tratando do salário dos
Juízes Federais brasileiros, que se mobilizam por melhor remuneração. Alfredo
Marques lembrou que os proventos desses magistrados
estão acima do que ganham seus colegas norte-americanos, mas Freitas Júnior
pontuou que o chamado “custo-Brasil” representa uma grande desvantagem. De
fato, para ter o mesmo padrão de vida que têm os americanos, um brasileiro
precisaria ganhar mais.
Na sequencia, Freitas registrou que o Deputado Heitor Ferrer
voltou à tribuna da Assembleia para denunciar que o “esquema” dos empréstimos
compulsórios continua, sob os auspícios do Governo do Estado, promovendo o enriquecimento
de empresas particulares, em detrimento do funcionalismo público estadual.
Alfredo Marques concorda que o mesmo grupo de protegidos continua
cometendo usura sobre empréstimos consignados pelos funcionários estaduais, o
que representa uma mancha no bom conceito do Governo Cid Gomes. O Governador, a
princípio disse que desconhecia o “esquema”, e ao que parece continua
desconhecendo, pois depois de todo o escândalo ele ainda o está mantendo.
O tema seguinte, trazido por Freitas Júnior, foi o sequestro dos
passaportes dos condenados no julgamento do mensalão, medida determinada pelo relator
do processo, o Ministro Joaquim Barbosa. Com sua costumeira ironia Alfredo
Marques pontuou entre risos que essa providência vai prejudicar o “pessoal”,
que certamente já estava com passagens marcadas para passar o réveillon no
exterior.
ENTREVISTA
Perguntada sobre em que consiste a expressão “Felicidade Interna
Bruta”, a psicopedagoga Magui Guimarães esclareceu que se trata de um novo
índice anual, já reconhecido pela ONU, o qual visa medir o grau de bem-estar da
sociedade.
Magui relata que em 1972 se verificou que o Butão, um pequeno
país situado entre a Índia e a China, tinha o menor PIB do mundo, entretanto registrava
os melhores índices sociais no tocante à paz pública e ao grau de satisfação
pessoal dos indivíduos.
Alfredo Marques indagou então de que maneira um país milenar,
espremido entre duas grandes potências, pode ter um povo tão feliz.
A entrevistada revela que os butaneses confiam nos seus
governantes, e vivem cantando e dançando em praça pública. “As crianças não
estudam para acumular informações, mas visando atingir o pleno sentido das
artes” – diz Magui. Ela narra que indagou a um butanês como eles conseguem
tempo para cultivar o hábito de contemplar as plantas, e ele respondeu que eles
conversam com elas, quando as estão observando.
Exemplificou a entrevistada que enquanto os Estados Unidos
triplicavam o PIB nacional, nesse mesmo espaço de tempo a felicidade do povo decrescia:
divórcios, assassinatos, depressão, suicídios, crescimento da população
carcerária... “Isso porque nós não temos apenas necessidades físicas, mas
também metafísicas” – disse ela.
Freitas Júnior indagou então se esses fatores da FIB não
dependeriam principalmente do Estado. Magui redarguiu que não se deve
terceirizar a culpa, pois se a felicidade depender somente de fatores externos
ela se torna inatingível. Que os fatores íntimos são decisivos.
“Mas a FIB não depende também das necessidades de consumo?” – quis
saber Alfredo Marques. Diz Magui que não. Que na verdade não se quer opor a FIB
ao PIB. De todo modo, afirma já existem economistas realizando altos estudos
sobre a melhor maneira de desacelerar a economia.
Freitas Júnior perguntou se já existe um ranking mundial em
relação à FIB, e Magui disse que não. Mas logo isso será possível, até porque
esse índice já foi reconhecido pela ONU.
NOTA DO
RESENHISTA
A 5ª
Conferência Internacional sobre a Felicidade Interna Bruta ocorreu em Fortaleza
durante o último fim de semana, no Centro de Eventos de Fortaleza, dentro da
programação da X Bienal do Livro. Dentre os palestrantes esteve o presidente do
Centro de Estudos do Butão, Dasha Karma Ura.
O tema da
felicidade coletiva foi levantado pela primeira vez nos anos 70, por pesquisadores da Dinarmaca que estudaram o comportamento dos povos pigmeus africanos, que,
ao travarem contato com a civilização, consideraram o rádio portátil e o avião sintomas
de infelicidade dos países desenvolvidos. Dizem os felizes liliputianos que não
precisam de uma caixinha sonora, pois preferem produzir sua própria música, e
que estão felizes onde vivem, de modo que não vêm utilidade em uma máquina que
os transporte a outros lugares.
Reginaldo Vasconcelos |
O livro
virtual “Euthymia, a Felicidade Essencial”, do acadêmico e resenhista Reginaldo Vasconcelos,
que tem link na coluna lateral deste blog, aborda exatamente esse tema do
contentamento íntimo, que agora atinge a preocupação de sociólogos e de economistas que estudam o bem estar da coletividade, com influência do Concerto das Nações.
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