segunda-feira, 17 de setembro de 2012

RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO




O Direto da Redação, programa que vai ao ar diariamente pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição desta segunda-feira, dia 17 de setembro, o Deputado Roberto Freire, político egresso das hostes comunistas brasileiras, hoje Presidente do Partido Popular Socialista, o PPS.

Roberto Freire veio ao Ceará conversar com o presidente estadual do PPS, Alexandre Pereira, que é vice na chapa de Heitor Ferrer à Prefeitura de Fortaleza, e foi ao Cariri contatar os correligionários de Juazeiro e Crato, bem como conversar com “os meninos da Barbalha”, como ele os referiu. Segundo disse, havia uma grande degradação política na região, com perda de legítima representatividade.

Alfredo Marques abriu a entrevista consultando sobre se o PPS seria um partido com identidade ideológica, tendo em vista a palavra socialista entrevista em sua sigla.

O entrevistado respondeu que o conceito de ideologia tornou-se impreciso, porque estamos numa grande crise sociológica, com o fim da sociedade industrial e o início da sociedade da ciência e do conhecimento.

Estamos vivenciando, segundo ele, uma “mudança de era”, e precisamos descobrir novas orientações ideológicas. Entende Roberto Freire que as “utopias sociais” foram derrubadas.

Freitas Júnior indagou ao entrevistado se o capitalismo também seria uma utopia falida, a que ele respondeu negativamente, acrescentando no entanto que este tem sofrido sérias mudanças.

O chamado “capitalismo familiar”, por exemplo, está decadente, enquanto assoma o “capitalismo dos grandes capitais”, que envolve, inclusive, os fundos de pensão dos trabalhadores, que são portentos capitalistas milionários.

Acrescentou que o julgamento do mensalão, “o maior escândalo da República”, com a iminente condenação dos réus, é prova inequívoca das mudanças pelas quais passa a cultura política brasileira.


Alfredo Marques quis saber se Roberto Freire se considera um revisionista, dentro da esquerda brasileira, mas o entrevistado repeliu o rótulo, que teria um sentido pejorativo para os esquerdistas radicais.

Diz ele que o “socialismo real” foi a primeira vítima do processo de produção. O Presidente Gorbachev percebeu a crise e tentou contorná-la com a Perestróica, mas não teve oportunidade de concluir o processo.   

Lula, ainda segundo Roberto Freire, percebeu as mudanças e rasgou os princípios originais do PT, ao firmar acordo com o empresário José Alencar e ao produzir a “carta aos brasileiros”. Então, sob a bandeira do socialismo, passou a defender o grande capital. Ele sentiu que se não fizesse isso não seria eleito – acrescentou Alfredo Marques.

Freitas Júnior considerou que, de qualquer sorte, Lula teria promovido o “resgate social”, com a ascensão da classe C, afirmação de que o entrevistado discordou. Concorda Roberto que o Brasil cresceu, mas que sob Lula o país perdeu a oportunidade de crescer muito mais.

Citou como exemplo a educação, que foi universalizada, mas que perdeu muito em qualidade. Não houve investimento real em educação, segundo entende, pois os alunos continuam estudando geografia em mapas impressos, quando já poderiam estar diante do mundo pelos meios virtuais. Exemplificando, considera Roberto Freire que professor ainda dar aula com giz na escola pública é um crime para com a juventude.


Sobre a Presidente Dilma, os entrevistadores quiseram saber se o entrevistado concorda que, diferentemente de Lula, ela tem adotado critérios mais técnicos que políticos.

A resposta foi surpreendente. Para o Deputado, Dilma Rousseff é tecnicamente nula e politicamente “desastrada”. Assumiu ser a “mãe do PAC”, que tem se revelado uma política social irrelevante.

Na verdade, não houve investimentos na era Lula, que resolveu fazer desenvolvimento estimulando o consumo, o que, na prática, segundo ele, produziu um “voo de galinha”. O Produto Interno Bruto brasileiro está abaixo de 2% - e vai piorar – segundo entende o Deputado.

Freitas então provocou o entrevistado, indagando sobre que outros governos teriam investido em infraestrutura. O entrevistado então recuou a Getúlio Vagas, a Juscelino Kubitschek, mas furtou-se de reconhecer os grandes investimentos realizados pelos presidentes da ditadura militar, dizendo que de ditadura ele não fala.

Perguntado ainda sobre as obras da Copa, Roberto Freire avalia que o Brasil não deveria precisar dessa desculpa futebolística para fazer “puxadinhos” em portos e aeroportos, pois a construção de novos equipamentos viários são necessidades prementes para o crescimento econômico do país.


Na sequencia, Freitas Junior pediu uma avaliação do Congresso Nacional, do qual Roberto Freire participa como deputado. O entrevistado asseverou que o parlamento brasileiro de há muito se tornou um mero cartório para referendar as decisões do Executivo, e que atualmente ele perdeu inteiramente a sua função legislativa.

Alfredo indagou então sobre a atuação do Judiciário, que tem suprido o vácuo deixado pelo Legislativo. Roberto Freire disse que não concorda com os que criticam a “judiciarização da política”. Segundo ele, renomados sociólogos que ele tem lido consideram virtuosa a atuação positiva do Poder Judiciário.

Roberto Freire lembrou que estava arraigada na nossa cultura política a ideia de que os poderosos terminariam sempre impunes. Lembrou que participou de uma passeata na Praça do Ferreira contra o episódio dos dólares na cueca, que nunca deu em nada.

Com base nisso, Delúbio Soares declarou à imprensa que o escândalo do mensalão iria terminar como uma “piada de salão”. Mas como essa mentalidade está mudando, com o julgamento do mensalão pelo STF, Roberto sentenciou: “Te cuida, pois tu vais ter que contar essa piada na cadeia!”.

Sobre as eleições municipais em Fortaleza ele defendeu o candidato do seu partido, que fazia oposição sozinho na Assembleia do Estado, onde todo mundo era governo.

Lampedusa
Agora, segundo ele, Governo e Prefeitura estão em oposição circunstancial, para no momento seguinte, passadas as eleições, se coligarem novamente. Diz que eles seguem a máxima de Giuseppe di Lampedusa: “Tudo deve mudar, para ficar tudo como está”.   



Vide: www.contrapontofortaleza.blogspot.com.br

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