sábado, 24 de março de 2012

CHICO ANYSIO DESCANSOU


Informaram que morreu o Chico Anysio. Ecoou entre a Serra Gaucha e a Ibiapaba, a Serra do Mar e as Alterosas, a Chapada do Araripe e o Pico da Neblina, entre a Mantiqueira e a Serra dos Órgãos, principalmente entre a Serra da Aratanha e a de Maranguape, pelo Maciço de Baturité, um lamento lacrimoso. Chico Anysio morreu!

Ao contrário, penso que Chico Anysio descansou. Ele realizou os doze trabalhos de Hércules ao longo da vida e da carreira, desde a meninice até os 80 anos de idade. Criou e incorporou mais de 200 personagens, completos e distintos, produziu mais uns tantos filhos nos seis casamentos, publicou muitos livros, brilhou no teatro, no rádio, na televisão e no cinema. Estava idoso, doente, encontrara na sua Malga a mulher definitiva. Chico Anysio descansou.

É certo que ele não queria parar, que a família o queria ainda muito, que a Nação queria mais. Mas ele cansara, sofria, estava em paz com a consciência. Chico era uma pessoa comum: mau gestor de finanças, ex-marido caloroso, afetuoso pai, amigo prestimoso. Dava asas à Rede Globo em altos níveis de audiência, a Globo lhe cortava as asas para que não subisse mais que ela. Ele batia na empresa, fazia desabafos. Ela perdoava e abafava.

Mas, como profissional, Chico Anísio era um gênio. Um Miguelangelo, um Leonardo da Vinci, um Van Gogh, um Beethoven, um Mosart, não  mereceriam dele reverência especial. Era um deles, um gênio criativo, na comedida e bastante dimensão. Não apelava para o mau gosto, não transbordava, não sonegava nem excedia. Era gênio por que era, não porque queiramos por bairrismo.

A acadêmica Karla Karenina, que trabalhou com ele na TV, convidou-o para ser Membro Honorário da nossa Academia. Ele concordou, íamos ao Rio lhe entregar o diploma, iam conosco os acadêmicos Djalma Pinto e Cândido Albuquerque. Então seu filho André Lucas nos comunicou que a doença se agravara e ele voltara a se internar, de modo que a nossa homenagem se tornou nuncupativa.
 
Lavivá, Chico Anysio! Antes de te prantear, te agradecemos.

Por Reginaldo Vasconcelos        

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