Embora de utilização comum no nosso dia-a-dia, a expressão “por que não?”, como resposta a um convite, é de uma descortesia acachapante. Ela externa a absoluta falta de argumentos negativos, mas não representa um argumento positivo válido, indicando apenas que o indivíduo se deixa levar pela proposta, mas com mínimo compromisso.
Why not? |
Ao invés do negativismo entrevisto do “por que não?”, o ideal é seu oposto: o “porque sim!”. Embora não seja habitualmente mencionado expressamente, ele fica subtendido, e sempre se acompanha de fundamentados argumentos. O “porque sim!” é autêntico por natureza, positivo, ativo, contundente.
Então agora chegamos ao ponto. “Vamos formar um grupo e fundar uma nova academia literária no Ceará?”, propôs alguém. “Por que não?”, respondeu outro. Fatalmente esse grupo, partindo dessa postura passiva, não vai conseguir grande sucesso, constituindo mais uma agremiação estéril e sem ideias. Sua duração esta fadada a ser efêmera.
Muito diferente, portanto, de alguém que respondeu: “Vamos, porque sim! Qual o critério que adotaremos para formar o primeiro grupo? Quais atividades culturais e sociais a entidade pretende desenvolver? Como será seu custeio? Quais responsabilidades me cabem como membro efetivo?”. Colocando, cada um, questões que vão sendo objetos de reflexão do grupo todo, chega-se a propostas consensuais que satisfaçam o ideal acadêmico.
Desse modo, na base do “porque sim!”, foi que se concebeu o ideal da nossa Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, com meia dúzia de sonhadores reunidos numa certa “Tenda Árabe”, ora às noites de sexta, ora às tardes de sábado. E é essa postura positiva e participativa que deve nortear o comportamento de todos os membros dessa casa, que em breve completa seu primeiro ano de atividades. Como fundadores, então, a responsabilidade é dobrada.
Vamos todos, pois, ser agentes do “porque sim!”, participando e nos integrando de forma efetiva às atividades da ACLJ, valorizando-a e consolidando seus fundamentos. Fazendo isso, estaremos prestigiando a nós mesmos e prestando um bom serviço à cultura do Estado. Vamos deixar o “por que não?” para aquele cidadão que ia “sem lenço e sem documento”, sem “nada nos bolsos ou nas mãos”, como cantou nos anos 60 o compositor Caetano Veloso.
Por Altino Farias - Secretário-Geral da ACLJ
Pedro,
ResponderExcluirVim conferir o porquê da chamada "Embora se dirija especificamente aos membros da entidade, a ideia do texto comtempla aspectos gerais do nosso dia-a-dia." e, de fato, o texto abre as nossas mentes para a dimensão do significado da expressão negativa. Para quem não havia parado para pensar como eu, com certeza, de agora em diante, se policiará e não cairá mais no descaso do "por que não?"
Grande abraço!