terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

CRÔNICA - Laprovitera À Paris (TL)

 LAPROVITERA À PARIS
Totonho Laprovitera*

 

Três breves histórias em Paris.

 

A primeira.

 

No dia 11 de setembro de 2001, em Paris, eu estava expondo desenhos e pinturas na Embaixada do Brasil na França, quando uma brasileira que andava por lá, desesperada, chegou duma vez na galeria e deu a notícia do ataque terrorista às Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Agoniada que só, anunciou até o início da Terceira Guerra Mundial! Vixe Maria, respeite o susto! E logo pensei: Ô, meu Deus, que saudade de casa...

 

No dia seguinte fui instruído pela Embaixada a evitar andar de ônibus, de metrô e ir a lugares onde houvesse concentração de pessoas. Contaram-me, ainda, que 24 horas após o atentado, a polícia parisiense havia desarmado cerca de 60 bombas pela cidade.

 

Cortei foi prego, não vou nem mentir...

 

A segunda.

 

Aconteceu em Paris. Após irmos à exposição “Hitchcock et l'art: coïncidences fatales”, eu e Elusa fomos convidados pelo Anuar Nahes, então conselheiro cultural da Embaixada do Brasil na França, para tomarmos um café no terraço do Centre Georges Pompidou.

 

Conversando acerca de cultura, costumes e comportamentos, Anuar me instruiu que quando nos oferecem um copo d’água, por exemplo, devemos dizer “eu quero” ao invés de “aceito”. No caso, quem aceita toma atitude de povo submisso, sem capacidade de escolha para decidir se quer ou não o que lhe apresentam.

 

Curioso, foi quando fui apresentado ao Anuar e falei que achava já lhe conhecer de algum lugar. Ele, educadamente, me contrapôs: “Já sei, você deve estar me confundindo com o garoto-propaganda da Bombril”.

 

A última notícia que tive do Anuar, é que ele era embaixador do Brasil no Iraque.

 

A terceira.

 

Noutro dia eu estava ouvindo “Café Soçaite”, de Miguel Gustavo, e reparei no final da canção Maria Bethânia dizer: “Como é que pode, Nina Chaves conta...”


 

Pra quem não sabe, possuidora de uma escrita refinada e respeitada, na década de 60, Nina Chaves trabalhou no jornal O Globo como editora de moda. De elevado prestígio e credibilidade ilibada, o que ela escrevia, fazia-se valer!

 

Em 2001, eu tive a oportunidade de conhecer Nina em Paris. Apresentado por Anuar, assuntamos muito sobre arte. Confesso que eu fiquei seduzido com a capacidade da jornalista de expor ideias tão ricas de simplicidade, o que até parece ser fácil, mas não é.

 

Querem saber duma coisa? Eu vou é botar de novo “Café Soçaite” pra tocar na radiola!


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