REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(31.01.2022)
Outro ponto alto
do dia a dia eram os restaurantes em Bissau. Havia bons restaurantes, com
o serviço impecável e muito boa qualidade da comida. Os garçons pretos,
vestidos de branco, serviam vinho português de luvas brancas e carne de cabrito
ou de carneiro, grelhada na hora.
Claro, não eram
baratos, mas para nós não era caro, pois ganhávamos muito bem. Comparando com a
situação soviética, em Leningrado, segunda cidade do país que era potência
nuclear, a história era esta: os restaurantes, naquela época, que eram poucos,
todos estatais, e situados, na sua maioria, no centro da cidade, ficavam sempre
meio vazios.
Normalmente o
serviço era assim: O cliente batia na porta, e então aparecia um homem gordo da
segurança, com a cara meio irritada por ter sido incomodado, dizendo logo que a
casa não tinha vaga (mesmo com o restaurante meio vazio). Mas, vendo pelo vidro
da porta uma nota de três rublos ficava logo mais simpático, já pedindo para
esperar – e mesmo assim ainda demorava. Afinal, vinha abrir a porta indicando a
mesa. Também demorava bastante a vinda de um garçom, que aparecia sempre
exibindo o cardápio e uma cara de sono e de preguiça, insatisfeito por ter sido
chamado ao serviço.
O cardápio
desses restaurantes estatais não tinha muita variedade: bife de carne suína ou
de boi, batatas com arenque, caviar. A chegada dos bifes também demorava uma
eternidade, e o próprio bife vinha escondido debaixo de muito molho e de uma
montanha de cebolas. Tirando tudo isso, a faca era cega e não dava para cortar
a carne, que parecia ter sido feita no dia anterior, e lembrava um pedaço de
sola de sapato.
Contudo, duas ou
três doses de vodca faziam esquecer a má qualidade da comida. O restaurante
meio vazio, alguns homens gordos tomando vodca com caviar, certamente diretores
ou funcionários do Partido Comunista. Ninguém tinha interesse em servir bem,
ganhando o mesmo salário, independentemente do número de clientes, que só davam
trabalho.
Foi uma boa
experiência na minha vida conhecer aquele país africano de manga e caju, onde
passei quinze meses trabalhando com o idioma português. Porém, Fortaleza ainda
era longe para mim.
A reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira, dia 31 de janeiro, foi dedicada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Essa organização internacional acaba de enviar uma carta-convite ao Brasil, para dar início ao processo de análise dos requisitos para a entrada do nosso País na entidade.
O governo brasileiro aguardava esse sinal verde desde 2017, quando solicitou o ingresso na OCDE, que até pouco tempo atrás era conhecida como um “clube de países ricos“.
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