A ÚLTIMA CURVA
Altino Farias*
Última curva de 2020. Depois dela, somente uma pequena e rápida reta para a linha de chegada: 2021!
Com a pista emborrachada por essa pandemia louca e pelo descaso dos políticos, o risco de derrapagem é grande, por isso, cuidado!
Os motores estão por demais desgastados, afinal, quase 365 dias em alta rotação, com os noticiários diários a infernizar nossas vidas, quem é que aguentaria mais que isso? E quando pensamos que está tudo bem, ameaça de novas chuvas e trovoadas, mudando toda a lógica da corrida.
Braços e pernas estão dormentes e a concentração começa a escapar do controle, mas falta só esta curva e aquela pequena reta... Tem que dá!
Estamos com um pé em dezembro: curva fechada, atenção e perícia. Depois vem aquela última acelerada e fim. Agora nos atrevemos a dar uma olhada em volta e, principalmente, no retrovisor. O que ficou para trás nesse momento é destaque. Logo estaremos prontos para um pequeno balanço do que saiu legal ou nem tanto e já começar a planejar a estratégia para vencer na próxima temporada.
Saímos da última curva e entramos na pequena
reta final de 2020. O tempo passa acelerado. O que está feito, está feito, em
que lugar estamos não interessa mais, o importante é chegar, apenas.
Alguns bons companheiros e entes queridos não conseguiram estar ao nosso lado agora e, com certeza, assistem-nos da arquibancada, e torcem por nós... E nós por eles.
O Brasil, ah, o Brasil! Vem devagar, lá trás. O projeto atual é ruim. Muitos problemas desde a primeira curva do ano. Muitas opiniões, muito barulho, nenhuma solução à vista. Talvez ano que vem tudo seja melhor, talvez.
Parentes, amigos e amores nos aguardam na linha de chegada, e nós aguardamos, também, a chegada deles próprios, cada um com sua corrida. Champanhe!
Fim de prova. Após breve parada para respirar fundo e pensar no que vivemos, uma nova aventura nos espera: 2021, mais uma corrida da vida!
(Altino Farias, em dezembro 2020)
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