sábado, 29 de novembro de 2025

DISCURSO - Retalhos, Reconciliação e Perenidade (BS)

Retalhos,
Reconciliação e
Perenidade
Beto Studart*


Hoje vim almoçar com todos vocês, meus amigos, liderados pelo meu estimado Lúcio Brasileiro, um amigo que construiu comigo uma história de bem-querença invejável. São 55 anos de amizade – uma vida inteira, intercalados por um mal entendido que me deixou profundamente triste. 

Foi, de fato, um luto, um daqueles lutos da alma que não se choram em velório, mas se sentem no coração. 

Mas esse luto passou. 

Porque somos adultos, porque nos queremos bem, porque amizade de verdade não se joga fora. Hoje, definitivamente, as sequelas se apagam. Hoje tudo se transforma em amor, maturidade e perenidade. 

Somos irmãos, irmãos verdadeiros e de eterno, temos a nossa amizade, que é linda. 

O Edilmo Cunha, esse cavalheiro da melhor estirpe, raríssimo de se encontrar, me disse que o Lúcio iria reservar um momento desse encontro para falar de mim – e confesso: isso me deixou muito feliz. Porque, querendo ou não, o tempo está passando rápido… e ninguém sabe o dia de amanhã. 

Estamos todos aqui para construir estradas e erguer pontes. Deixar amigos é parte essencial da nossa missão. 

Construir e deixar legado – esse é o compromisso de uma vida ilibada, vivida com propósito, disciplina e amor pelo que se faz. 

A finitude existe, é verdade, mas ainda está longe. Mesmo assim, a vida é surpreendente, e por isso precisamos estar sempre prontos para partir. 

Não como quem se despede, mas como quem tem pressa – pressa de realizar, de criar e de entregar o que o coração manda. 

Minhas ideias nunca serviram apenas a mim. Elas têm vocação universal: abraçam a cidade, a sociedade, as pessoas. Por isso, hoje, o Lúcio, o Edilmo e todos vocês colocaram mais um tijolo na minha construção de vida. 

Sempre carreguei comigo a humildade, mãe de todas as virtudes. Mas, às vezes, para os pobres de espírito, isso se confunde com vaidade. 

Sim, eu sou vaidoso – e com orgulho! Sou vaidoso porque faço bem feito, faço tudo para todos, faço para servir.

E tudo o que tem caráter universal merece ser celebrado. 

E é aqui que entram também os retalhos que carrego. 

Sou feito de pedaços de cada vida que passa pela minha, retalhos coloridos que vou costurando na alma.Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas todos essenciais. Em cada encontro, em cada contato, eu cresço um pouco mais. 

Em cada retalho há uma lição, um carinho, uma saudade, uma história. E é assim que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que, sem perceber, tornam-se parte da gente também. 

Nunca estaremos prontos – haverá sempre um novo retalho para enriquecer a alma. Por isso, agradeço a cada um de vocês que fazem parte da minha vida e engrandecem minha história com o que deixam em mim. 

Que eu também possa deixar pedaços meus pelos caminhos – pedaços bons, luminosos, úteis – que façam parte da história de vocês. 

E que, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de nós. 

Fim do dia, batalha vencida. 

Que venham outros natais, para eu abraçar o Lúcio Brasileiro, o Edilmo e todos vocês! 



Proferido no Restaurante Ugarte, do Jornalista Lúcio Brasileiro, na Praia do Cumbuco, por ocasião do tradicional evento "Unidos do Natal", em 28 de novembro de 2025.

  

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