A IMPORTÂNCIA DA PALAVRAE A INDIFERENÇA DOSILÊNCIOReginaldo Vasconcelos*
Dizem os ingleses, the tong breaks bones. De fato, a hipérbole desse adágio remete à contundência das palavras malditas – e mesmo das benditas, quando a intenção seja combater uma injustiça – como um velho advogado que tenha militado no Tribunal do Júri sabe bem.
Então, manter a língua na boca ou utilizá-la, seja para quebrar ossos, seja para afagar os egos, é uma delicada e estratégica decisão, entre o silêncio e a expressão de um sentimento. Até porque o próprio silêncio é eloquente, pois nele pode residir o mel do afeto, o fel da mágoa, ou o vácuo da indiferença e do desprezo.
“No princípio era o verbo”, diz a Bíblia, na abertura do Evangelho de João, no Novo Testamento. Desde então a palavra deve ser coisa sagrada, que não se deve despedir sem que seja fruto de reflexão e comedimento. Depois de ser dita pela mão fica gravada na pedra, no bronze, no papel, enquanto, proferida pela boca, se diz que a palavra vai ao vento.
Todavia, uma vez pronunciadas as palavras sinceras calam na alma de quem as ouve e para sempre ficam lá – seja como uma pluma, uma brisa, uma fonte de água pura, dimanando uma perene fragrância de carinho e de estímulo, que perfuma a memória e eterniza o sentimento de gratidão e de ternura – ou como um odiento punhal que fere a alma e que revolta a cada vez que elas assomam à lembrança e ao pensamento.
E os termos carinhosos expressados por outrem e recebidos por nós ficam conosco, nos acariciando o espírito, mesmo e principalmente se e quando o silêncio perpétuo o leve antes para os campos do infinito. Suas palavras desmentirão a sua ausência física porque ele estará docemente impregnado em nosso ser, até que também deixemos de ser e vamos nos difundir no oceano do amor de Deus, na eternidade.
#Aos amigos Beto Studart, Marcos, Egídio e Mesquita.

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