quinta-feira, 20 de novembro de 2025

CRÔNICA - Dia da Consciência Negra (RV)

 DIA DA
CONSCIÊNCIA NEGRA
Reginaldo Vasconcelos*

 

Três povos foram convocados pela História para fundarem uma nova nação, o Brasil que conhecemos. 

Os primeiros, os súditos da monarquia mais modesta da Europa, que afinal teve que transferir a Coroa à colônia americana, para fugir à sanha bélica invasora.

Além desses, os povos indígenas, silvícolas encontrados por aqueles na colônia, ainda vivendo primitivamente. 

Por fim, os africanos, escravizados pelos seus inimigos nacionais, objetos de escambo mercadológico com colonizadores das Américas. 

Os europeus de então já detinham algum cabedal científico básico – a fusão de metais para a produção de ferramentas, indústria de tecelagem, boas noções de engenharia e arquitetura, técnicas náuticas rústicas, domínio da pólvora, saberes e fazeres de plantio e pastoreio...

Já os autóctones, esses tinham mais a receber que a oferecer, enquanto os africanos, além de vigorosa mão de obra, trouxeram ao futuro país a grande contribuição da sua rica cultura – nas artes plásticas, na música, na dança, na literatura, na culinária. 

Não fossem eles não teríamos Machado de Assis, nem Lima Barreto, nem Cartola, nem Clementina de Jesus, nem Milton Nascimento, nem Pelé, nem Larissa Januário – para ficar apenas em alguns dos nossos patrícios negros mais clássicos e notórios. 

Dentre muitos outros, inclusive os tantos de nós que temos ascendência africana e indígena em algum grau, oculta na genética miscigenada – não raro tão talentosos e ilustrados.

É a todos esses que a Nação reverencia na data de hoje, consagrada à consciência negra – termo que a antropologia moderna estende a todos os que trazem na cor mais escura da pele a origem honrosa dos colonizados valorosos.

E aproveito para dedicar esta crônica ao saudoso maranhense Gervásio Joaquim Leandro, filho de homem preto e mulher indígena, herói da pátria, combatente na Itália durante a Segunda Grande Guerra, pai da sempiterna companheira que é mãe das minhas duas amadíssimas filhas. 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário