REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(27.06.2022)
TABACARIA
Álvaro de Campos
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas
do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou
hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou
hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por
dentro.
Falhei
em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
FOTOFOFOCA
Na década de 60 foi lançada uma publicação intitulada “Fotofofoca”, que se constituía em fotografias captadas pelos repórteres brasileiros, com artistas e políticos surpreendidos pelas câmaras em posturas ou com expressões jocosas, suscitando balões de imaginários diálogos cômicos.
Seguindo a mesma ideia, inserindo uma seção de bom humor neste Blog da ACLJ, selecionamos prints realizados durante a reunião virtual, em que os participantes foram flagrados com expressões curiosas e engraçadas.
Paulo Ximenes parece estar tocando gaita, enquanto Adriano parece estar ouvindo a música que ele emite. Já Wagner Coelho parece estar gritando freneticamente, e Wilson Ibiapina tentando tapar o ouvido. Sávio também parece uivar, incomodando Wilson, e mais embaixo coça a cabeça em gesto simiesco, que Aluísio parece imitar. Em destaque, Sávio Queiroz reage à crítica mostrando o dedo médio.
Para ver um mosaico com as imagens referidas acione o link abaixo.
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