REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(25.10.2021)
Na abertura da reunião desta
segunda-feira Aluísio Gurgel lembrou o fato de que naquela data transcorria o
natalício do Magnífico Reitor da Universidade Federal do Ceará, Cândido
Albuquerque, Membro Efetivo Fundador da ACLJ.
Apesar de todas as dificuldades arrostadas no momento pelo Brasil e pelo mundo, ao longo da pandemia de Covid-19 e em face das dificuldades que ela causou às finanças públicas, Dr. Cândido tem tido um grande desempenho à frente da UFC.
Nenhuma surpresa, para quem conhece a sua brilhante carreira na advocacia e no magistério superior, bem como o seu ótimo desempenho quando na Presidência da OAB, Secção Ceará, e na composição do Conselho Nacional da Ordem.
Depois o grupo trouxe à baila a pessoa do saudoso confrade Roberto Martins Rodrigues, advogado constitucionalista de notável saber jurídico, falecido em meados 2019, aos seus 90 anos.
Então Reginaldo resolveu performar com a leitura de um artigo que publicou no dia da morte do grande Robertinho, texto poético cheio de carinho e de saudade antecipada.
ROBERTO MARTINS RODRIGUES
DESCANSOU
Reginaldo Vasconcelos*
Não que ele quisesse descansar. Era incansável. Aos novent’anos
ainda era um menino. O andador lhe prestava reverência; a bengala era uma
concessão que ele fazia à Natureza.
Mas o Pai Celeste Absoluto insistiu com ele que era preciso
descansar. Ele resistia. Passou um mês argumentando que ainda havia namoradas
em flor para regar com o seu carinho galante, com a sua britânica elegância
juvenil.
Seu sobrinho e homônimo intermediava a negociação. Ainda havia uns
uisquinhos a tomar, na ceia larga da Tenda Árabe, contando seu passado idílico
vivido sem grandes sobressaltos, geralmente elogiando e, se muito, narrando sem
mágoa nenhuma e perdoando.
Principalmente – com certeza dizia ele ao Pai Celeste – tinha
gravações a fazer nas sextas-feiras; não podia deixar na mão o nosso confrade
Arnaldo Santos, em cuja mesa de debates na TV tinha cadeira cativa. Ainda não
era hora de sair de cena – ele obtemperava.
Na arquibancada do afeto nós esperávamos ansiosos, acompanhando
a sua luta para convencer o Arquiteto do Universo a deixá-lo conosco um
bocadinho mais, mais um pouco de manhãs e entardeceres, algumas noites a mais
nos brindando com a sua honrosa amizade e companhia.
Mas não deu. Finalmente ele teve que despedir o amigo motorista,
com o qual ganhava pernas pelas ruas da cidade, para, ainda que de mau grado,
embarcar na vistosa carruagem do Divino e seguir para o destino universal.
Da Beira-Mar, quem estivesse atento agora há pouco veria a sege
divina seguindo direto para o céu dos justos, tirada a dois cavalos brancos,
símbolos da paz e da virtude, com o nosso Robertinho sentado ao lado direito de
Deus Pai, vergando a pelerine ritual da nossa Academia, para nos representar no
Paraíso.
Em 29 de junho de 2019 - às 20 h.
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