REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(18.10.2021)
Holanda
Seis e meia da manhã. Muito frio lá fora. Assim mesmo, pássaros cantam seus pios holandeses para esquentar seus corpos e despertar os hóspedes. Aqui dentro, no quarto, corpo quente da calefação, mente fria da saudade de casa. Corpo quente do trabalho que aqui já conclui, cabeça fria tive para poder enfrentá-lo. Povo bom, gente alegre. De tudo fazem para me agradar. Por fora simulo alegria, e até os faço rir.
Por dentro tristeza, saudade e vontade de logo partir. A noite não passa. Parece eterna. Vejo fantasmas, leio, rezo, cochilo e acordo… Até que ouço os pios holandeses me convidando a levantar, sair e viver. Ver as belezas deste lugar, deste clima e deste povo que aprendi a amar. Viver mais um dia neste país de beleza sutil e gente sempre feliz. País dos meus ganhos e amigos, verdadeiros e fiéis. Imito-os e sou amado.
Não fora a dor da distância dos meus, com certeza borbulharia a vontade de aqui viver.
Dennis Vasconcelos
Dögen – Holanda – 01/3/2012
Adriano, a seguir, disse um poema do poeta Silvanildo Tavares Silvino, cujo tema é a letra grega Pi, que representa o perímetro e o diâmetro de um círculo, uma proporção numérica infinita, por isso classificado como "número irracional".
Por fim, Pedro Araújo fez a leitura de um texto de sua lavra, "A Magia da Liberdade", reflexão contida no seu livro "Traços Triunfastes", de 1986.
A magia da liberdade
A riqueza de alegrias recheia a vida a criancinha, vibrante, na sua simplicidade, pelas mensagens das fadas habitantes de paragens encantadas. Fica triste pela maldade das bruxas e de quem abusa da fraqueza de alguém. A realidade da criança é plena de maravilhas talvez em parte pela maneira surpreendente de apreender a ciência da existência. Assim, ela fascina e encanta em sua beleza e naturalidade e penetra também a magia que é fantasia, que é alegria pura e sem jaça, que é Branca de Neve, existente na lucides da pequenez de sua mente.
A esse deslumbre pueril, etapa que a maturidade admira e aplaude, junta-se u’a magia mais fecunda, destituída de caracteres alienantes, a magia da liberdade, que flutua e adeja nas asas excelsas das quimeras. À maneira de talismã, leva a capacidade de criar e imaginar seres e cenas ‘reais’ na indescritibilidade da mente infantil.
Dignidade de gente, que pensa e que faz germinar a semente de ideias magníficas, deriva, substancialmente, da excelsa liberdade humana. Nalguns países, integra a candura das miragens de reis e madrinhas fascinantes.
A liberdade existe; pensar, imaginar, ir além. E sua raiz se alicerça na inteligência que se miscigena de peculiaridades metafísicas da existência da espécie. Nenhum sistema detém sua energia. Nem aniquila sua faculdade de agir e manifestar-se. A habilidade da vida se assenta, direta e estruturalmente, na livre atividade que se expande nas atitudes imersas nas águas da naturalidade.
Expressar-se, participar de debates e ajudar na assistência às necessidades de base, criticar e analisar medidas, sugerir hierarquia de dificuldades a ser encaradas, ir e vir, delineiam a verdadeira liberdade que faz caminhar a humanidade na senda da mútua fraternidade, que pereniza paz, bem-estar e dignidade.
A liberdade liberta a felicidade, que suas crendices prendem.
Pedro Bezerra de Araújo - livro 'Traços flutuantes', 1986, em
processo de reedição
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