DESIGUALDADE
E
DIFERENÇA
Pierre
Nadie*
Diferente não é desigual. A Wikipedia traz uma definição de diferença:
“A diferença é um conceito-chave da filosofia, denotando o processo ou conjunto de propriedades pelo qual uma entidade SE DISTINGUE (o destaque é meu) de outra dentro de um campo relacional ou de um determinado sistema conceitual”.
Algo é “diferente” quando sua essência se difere da essência do outro – seja no todo ou em algum aspecto particular.
A “desigualdade”, no entanto, não se refere a essências distintas, mas, sim, a uma circunstância que privilegia algo ou alguém em relação ao outro – independentemente de os dois serem iguais ou diferentes.
A diferença é própria da natureza. Pode ligar-se também a civilizações e culturas. Não se trata de inferioridade, de marginalização, ou de semelhantes. A desigualdade, porém, é própria da “(des)humanidade”.
A desigualdade independe das diferenças e das igualdades. Impinge-se sua raiz à conjuntura social e, muitas vezes, assume o papel de injustiça, preconceito e coisa que o valha.
As plantas, sejam frutíferas ou não, têm as suas diferenças naturais; os animais vivem nas suas diferenças genéticas, sem fazerem jus a desigualdades.
Fazer das diferenças desigualdades é, portanto, injustiça humana e não corresponde à realidade, não traz proveito à convivência social, mas labora em ideologias secessionistas e aprofunda o fosso das desigualdades. Torná-la objeto de preconceitos, de marginalidade e de menosprezo é injúria, não só à raça humana, mas uma afronta à dignidade pessoal.
Daí, a necessidade de lutar pela desigualdade das desigualdades e jamais usar as diferenças para protagonismo de lutas fratricidas e ou proselitismo político. Não somos “guetos”, somos família humana, com nossas diferenças.
Diferenças exigem respeito. Desigualdades cobram coragem e destemor.
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