terça-feira, 12 de outubro de 2021

CRÔNICAS - Peixes e Aves (TL)


PEIXES
Totonho Laprovitera*

 

Quando se acende o dia, na praia cada pescador mareja com sonhos seus olhos que refletem a risca do mar. Partem na jangada, irmãos, até onde a vista alcança. Em cada casa espera cada Maria o sustento da família, o de comer. 

Suas calejadas mãos longe soltam a rede aos peixes, em arrastão a linha corre e desenha em cada onda o desejo de tornar. 

Nas águas brilha a esperança na derradeira luz do sol. Na volta o mergulho do infinito banha o céu de alvo luar. 

E suas vidas mansas continuam tal qual vela em calmaria, pois quem vive de precisão bem melhor reparte o pão. 

Entre luas e sóis, nos vaivéns das marés, na arte eu mergulho e pesco à mão desenhos de peixes. 






PÁSSAROS
Totonho Laprovitera*
 

Eu gosto de desenhar pássaros ouvindo música, pois assim eu voo por todos os cantos. 

Em quase todas mitologias as imagens de pássaros são comuns. Em referência ao divino, por terem asas e o poder de voar, eles são aves mensageiras entre o céu e a terra. Também representam a alma, porque voam para se libertar do mundo terreno. Os pássaros simbolizam a inteligência, a sabedoria, a leveza, o divino, a alma, a liberdade e a amizade. 

Caminhando pela cidade de Fortaleza, em cada bairro, em cada lugar, eu acho e guardo pássaros imaginários que pousam na inspiração de meus desenhos. É a poesia a partir da combinação de ideias e vivências. 

Os pássaros oferecem esperança e sorte. Seus cantos, muitas vezes cometidos enquanto voam, representam a felicidade e alegria de viver. Tais quais Sankofa, pássaro mítico africano, os “Pássaros de Fortaleza” simbolizam a volta para colher conhecimentos do passado, a sabedoria e a busca da herança cultural dos antepassados para estabelecer um futuro melhor. 

Como pássaro aprendi que...

Calma a natureza encanta, em paz o som ilumina e faz secreta a alma dos animais, abrigo que a vida encontra.

E na sede da eternidade, quem se vê no poço do desejo tem claro nos olhos o ensejo do brilho de mais uma saudade. 

São beijos que marcam o pescoço como quem de vez o doce fruto devora da casca ao caroço.

E chega a coragem de voar, que vem com o medo de cair, eis os pássaros a nos ensinar. 






 

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