CAIR PARA
PERCEBER O CHÃO
Edmar Santos*
Sempre ouvi frases de alertas que aludiam a ficar de pé, caminhar de queixo erguido, dar o primeiro passo, levantar a cabeça, dentre outras. No entanto, não recordo de muitas vezes em que me incentivaram a perceber o chão, salvo uma, a saber, “olhe por onde anda”; porém, de tão poucas vezes que a escutei, a negligenciei quase sempre. Desatento.
Calçado com sapatos e sandálias macios, meus pés vaidosos e soberbos corriqueiramente subestimaram o chão; nunca ligaram para suas variedades de texturas que apresentava pelos diversos caminhos por onde andei. Imprudente.
Se pedregoso, arenoso, empoeirado, enlameado, nunca atentei com acurada atenção, pois, os passos apressados sempre fizeram com que o chão não só estivesse abaixo de mim, mas alheio ao resto de mim. Importava mesmo era o trajeto e, de preferência, o mais curto. Para onde?
Na fração de tempo em que eu estive estendido no chão, também me veio a sensação de seu acolhimento ao meu corpo caído. Sustentáculo.
E como sempre se propôs ele, me fez base para que eu me levantasse. Ergui-me.
Agora aprendi a caminhar melhor, mais atento; atento não mais aos calçados macios, ao trajeto mais curto, mas ao chão por onde piso. Passo a passo.
Humilde, descalço quase sempre, sigo caminhando. Chegarei aonde
preciso ir. Destino.
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